O brasileiro residente em Israel Mario Fishbein, tio de uma das pessoas sequestradas e mortas pelo Hamas, avaliou que a guerra no Oriente Médio não deve ter um desfecho tão próximo.
Segundo ele, a questão parte de uma avaliação do próprio governo israelense sobre a eficácia de sua operação para “destruir” a organização extremista palestina. Fishbein destaca que a missão é complexa, já que militantes do grupo se escondem em redes extensas de túneis e bunkers enquanto expõem a população palestina aos bombardeios frequentes de Tel Aviv na Faixa de Gaza.
“Eles usam a população como escudo humano enquanto se protegem embaixo de hospitais, embaixo de escolas, embaixo de prédios públicos da ONU“, afirmou em entrevista ao Poder360. “Não acho que [a guerra] vá terminar muito em breve“, completou.
Fishbein tem 66 anos, é guia turístico e mora em Netanya, cidade localizada a 30 km ao norte de Tel Aviv. Ele era tio de Celeste Fishbein Zaaror, israelense tomada como refém pelo grupo extremista palestino durante a invasão ao sul do país que deflagrou o conflito, em 7 de outubro. Ela tinha 18 anos. A morte foi confirmada em 17 de outubro, 10 dias depois de seu desaparecimento.
“Não existe uma pessoa em Israel que não tenha algum conhecido, algum amigo, algum familiar que não tenha sido ferido, assassinado ou atingido pelos ataques terroristas”, lamentou.
Fishbein avaliou, porém, que o apoio à incursão por terra em Gaza, como planejado pelas Forças de Defesa de Israel, tem decaído entre os israelenses desde o início do conflito. “O governo tinha um apoio dessa operação muito maior no início por conta do ataque terrorista. Agora está diminuindo. E quanto mais passa o tempo, mais você imagina o que o Hamas está preparando”.
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CRÍTICAS AO GOVERNO
Segundo o brasileiro, a vida em sua cidade permanece sem alterações significativas desde o início da guerra, com o fornecimento de água, eletricidade funcionando e supermercados abertos e abastecidos. Apesar de não haver toque de recolher, porém, as escolas e universidades em todo o país estão fechadas há 3 semanas.
Contudo, Fishbein criticou a falta de apoio do governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu, que definiu como “um fracasso total”.
“O governo de Israel não oferece nenhum suporte. Não somente a nós: a ninguém […] A nota para o governo –sem entrar em política, apenas considerando suas ações– antes e depois dessa crise é zero. Nada mais do que isso. Se pudesse dar uma nota menor do que zero, daria”, afirmou.
ENTENDA A GUERRA
- o Hamas atacou Israel em 7 de outubro e reivindicou a autoria da ação;
- Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- Israel respondeu com bombardeios à Faixa de Gaza e um cerco à região;
- o Hamas ameaçou matar reféns em retaliação à resposta militar israelense;
- depois de privar Gaza de água e alimentos, Israel prepara uma invasão por terra, água e mar;
- o conflito já deixou 8.536 mortos (1.405 israelenses e 7.131 palestinos) até 5ª feira (26.out);
- EUA e países europeus pediram que outros países fiquem de fora da guerra;
- Irã disse não ter relação com os ataques;
- Lula chamou os ataques de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- governo já repatriou mais de 1.400 brasileiros na operação Voltando em Paz;
- 3 brasileiros morreram: Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Mendes;
- o Conselho de Segurança da ONU vetou 3 propostas para a crise: da Rússia, do Brasil e dos EUA;
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Relação Hamas-Irã é obstáculo para a paz, escreve Claudio Lottenberg;
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.