Haddad vê inflação acima de 4,5% em junho, mas espera "surpresas positivas" com safra e câmbio

Publicado 06.02.2025, 07:32
Atualizado 06.02.2025, 07:35
© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad n29/01/2025. REUTERS/Adriano Machado

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar que o Brasil tenha surpresas inflacionárias positivas este ano, mas reconheceu que a inflação acumulada em 12 meses deve seguir acima de 4,5% até junho, como vem projetando o Banco Central.

Em entrevista à GloboNews veiculada no fim da noite de quarta-feira, Haddad avaliou que a safra prevista para o ano e o câmbio mais acomodado devem contribuir para o controle da inflação, inclusive surpreendendo as projeções dos economistas para a alta de preços.

“Eu acredito... que nós podemos ter surpresas em relação a expectativas do mercado, como tivemos em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)”, afirmou Haddad quando questionado sobre a inflação.

A safra esperada para este ano e o recuo do dólar ante o real, que já supera os 6%, são dois fatores que podem desacelerar a inflação, na visão do governo.

“Eu acredito que nós podemos ter boas novas no front inflacionário, se a política for bem conduzida, e com a safra, o comportamento do câmbio”, podemos ter surpresas agradáveis, reforçou o ministro.

Ao mesmo tempo, Haddad afirmou que a inflação em junho “provavelmente” estará acima de 4,5%, como prevê o BC.

Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira, o BC avaliou que a inflação acumulada em 12 meses deve seguir acima do teto da meta de inflação nos próximos seis meses -- na prática, deve ficar acima de 4,5% pelo menos até junho.

A meta contínua de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em dezembro -- dado mais recente -- a inflação acumulada medida pelo IPCA estava em 4,83%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o ministro, é de se esperar que a inflação fique acima do teto da meta até o meio do ano porque existe um “atraso” na resposta dos preços à elevação dos juros pelo BC.

Atualmente a taxa básica Selic está em 13,25% ao ano, mas tecnicamente o efeito dos juros mais altos sobre os preços possui defasagem de vários meses.

“Mas aqui no Brasil acredito que a resposta (da inflação) vai ser mais rápida. Acredito que possa ter uma acomodação mais rápida também”, acrescentou, defendendo que a taxa de juros seja um remédio aplicado pelo BC numa “dose que não mate o paciente”.

REFORMA DO IR

Na entrevista, Haddad também repetiu que a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é isentar de Imposto de Renda de brasileiros que ganham até R$5 mil. Pela proposta a ser encaminhada pelo governo ao Congresso, a partir de janeiro de 2026 estes trabalhadores deixariam de ter a retenção de imposto na fonte.

Por outro lado, conforme Haddad, brasileiros com renda superior a R$50 mil por mês que não têm atualmente uma retenção de IR “compatível” iriam pagar um imposto mínimo.

Mais cedo, a GloboNews já havia divulgado um trecho da entrevista em que Haddad defendeu a cobrança de um imposto mínimo sobre a renda de pessoas que ganham mais de R$5 mil.

Conforme o ministro, para o cálculo entrarão rendas provenientes de salários, mas também de outras fontes, formando um “combo”.

“Tem coisas que são isentas, e não serão levadas em consideração. Mas se a pessoa tem renda superior a R$50 mil por mês, e vai numa escadinha até R$100 mil por mês, vamos verificar se ela está pagando um imposto mínimo”, afirmou.

 

(Reportagem de Fabrício de Castro)

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