O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse se sentir “encorajado” com a ideia de o grupo Hamas poder “desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos”. A fala do ex-ministro está na apresentação da versão em português do livro “Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas”, escrito pelo pesquisador britânico Daud Abdullah.
A obra foi publicada no Brasil em março de 2023, antes dos ataques de 7 de outubro.
Eis o que escreveu Amorim: “Como firme defensor dos direitos palestinos e defensor de uma solução por meios pacíficos, fiquei muito encorajado com as palavras finais do autor: através de maiores esforços diplomáticos e alianças globais, ‘o Hamas pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos’”.
O trecho é parte da apresentação feita por Amorim para a versão em português da obra (leia a íntegra mais abaixo). O ex-ministro afirma também que, nos 2 primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo brasileiro defendeu um “diálogo amplo e não discriminatório” entre palestinos e esteve “profundamente envolvido na luta por uma solução justa e pacífica para o conflito no Oriente Médio”.
Leia a íntegra do texto de Amorim no livro sobre o Hamas:
“’A Palestina representa uma das grandes causas morais e políticas e nosso tempo, ela une as pessoas em todos os lugares’. Essa verdade inegável é reiterada no capítulo final deste estudo abrangente sobre ‘a elaboração da política externa do Hamas’. Em meu período como ministro das Relações Exteriores, durante o governo do presidente Lula, o Brasil esteve profundamente envolvido na luta por uma solução justa e pacífica para o conflito no Oriente Médio. Uma de nossas últimas decisões no campo da política externa foi o reconhecimento da Palestina como Estado independente e soberano. Esse passo ousado desencadeou uma série de movimentos similares na América Latina, e mais além no Sul Global, ajudando no avanço geral em direção à resolução pela Assembleia Geral da ONU. Durante esse período, em nossas conversas privadas, o presidente Lula e eu defendemos fortemente um diálogo amplo e não discriminatório entre palestinos. Nosso representante em Ramallah visitou Gaza e teve discussões com autoridades do Hamas. Foi com grande interesse que percorri o trabalho bem pesquisado de Daud Abdullah, que esclarece um aspecto essencial da evolução do Hamas: sua dimensão internacional. Como firme defensor dos direitos palestinos e defensor de uma solução por meios pacíficos, fiquei muito encorajado com as palavras finais do autor: através de maiores esforços diplomáticos e alianças globais, ‘o Hamas pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos’.”
Em seu site, a Memo Editora, responsável pela publicação do livro, afirma que a obra escrita por Daud Abdullah traz uma “abordagem distinta da que é apresentada normalmente ao público brasileiro sobretudo pela mídia convencional” sobre o Hamas. Diz também que se trata de uma “análise honesta sobre o Hamas, sem caricaturas, idealizações e livre de preconceitos”.
Divulgação Celso Amorim escreveu um texto para a apresentação do livro “Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas”
ISRAEL X HAMAS
No domingo (8.out.2023), Celso Amorim se manifestou sobre os ataques do Hamas. Ele declarou que nada justifica a ação, mas que não seria um “fato isolado” e que “vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia”.
Saiba mais sobre a guerra em Israel:
- o Hamas atacou Israel em 7 de outubro –o grupo reivindicou a autoria da ação;
- cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, e extremistas se infiltraram em cidades israelenses;
- Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
- o Hamas ameaça matar reféns em retaliação à resposta militar israelense;
- Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- o conflito já deixou 1.587 mortos (900 israelenses e 687 palestinos) e centenas de feridos;
- EUA e países europeus pediram que outros países fiquem de fora da guerra;
- Irã disse não ter relação com os ataques
- Lula chamou os ataques de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- 3 brasileiros estão desaparecidos;
- o governo Lula anunciou uma operação para repatriar brasileiros (há desaparecidos);
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Relação Hamas-Irã é obstáculo para a paz, escreve Claudio Lottenberg;
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.