Com o problema histórico e recorrente de grandes alagamentos, a cidade de São Paulo tem ampliado os investimentos contra enchentes nos últimos anos. Em 2023, o volume destinado pela prefeitura para obras como macrodrenagem e construção de reservatórios foi recorde: R$ 2,1 bilhões.
Esse foi o valor liquidado pela gestão Ricardo Nunes (MDB) do orçamento total para projetos contra alagamentos em 2023, que era de R$ 2,4 bilhões. Representa uma execução de 87%. Os dados são do Portal de Dados Abertos da Prefeitura de São Paulo.
Em 2024, o investimento municipal até abril foi de R$ 228,1 milhões. Essa cifra se refere ao valor liquidado, ou seja, o que efetivamente saiu dos cofres públicos e foi pago para a realização de obras. Neste ano, o orçamento total do programa contra enchentes é de R$ 1,8 bilhão, sendo que R$ 972,5 já foram empenhados –o dinheiro já foi reservado para que os pagamentos sejam executados no tempo devido.
Os gastos nesse tipo de programa antienchente estão concentrados em regiões mais problemáticas de drenagem, segundo a prefeitura. Na lista de obras em andamento ou recentemente entregues estão sistemas de drenagem, monitoramento e intervenções em áreas de risco geológico, como encostas.
A Prefeitura de São Paulo informou que também estão sendo construídos reservatórios de água pluvial nos bairros de Perus e de Aricanduva. São piscinões subterrâneos capazes de armazenar grandes volumes de águas das chuvas que depois serão escoadas gradualmente pelo sistema de drenagem.
O infográfico a seguir mostra os valores efetivamente gastos (o que foi liquidado) e o que foi reservado para gastos em prevenção contra enchentes na cidade de São Paulo nos últimos 20 anos:
As enchentes são um problema crônico em São Paulo. Bairros tradicionais como Mooca, Sé, Bela Vista, Vila Prudente, Perus, Aricanduva e Tatuapé são alguns dos que ficam com várias localidades debaixo d’água, seja pela cheia de rios e córregos ou pela dificuldade de escoamento das águas das chuvas. As regiões próximas às avenidas marginais (como as vias que acompanham os rios Tietê e Pinheiros) são sempre vulneráveis na época das chuvas, de novembro a março.
AUMENTO DESDE 2021
Os investimentos contra alagamentos passaram a crescer de maneira contínua na capital paulista desde 2021. Em 2022, alcançaram o recorde anual de R$ 2 bilhões em valores liquidados, o que depois foi superado em 2023 com aporte de R$ 2,1 bilhões.
Desde 2021, a prefeitura já destinou R$ 5,2 bilhões para ações como novas obras e manutenção de infraestrutura contra alagamentos. Considerando o que está fixado na LOA (Lei Orçamentária Anual) para a área em 2024, o valor pode chegar a R$ 7,6 bilhões até o final do ano.
O valor supera os investimentos totais realizados nas gestões anteriores de 2003 a 2020. Quando se consideram apenas os valores liquidados e corrigidos pela inflação, o que chega mais próximo foi o total aportado na administração de Fernando Haddad (PT) de 2013 a 2016: R$ 3,1 bilhões. Depois está a gestão de João Doria: R$ 2,6 bilhões.
O orçamento total do programa contra enchentes também está em seu maior nível. De 2021 a 2024, período dos governos Bruno Covas (PSDB) e de Ricardo Nunes, totalizará R$ 8 bilhões. Antes, o maior também tinha sido registrado na gestão Haddad: R$ 6,8 bilhões.
Eis os principais projetos contra enchentes em São Paulo e seus valores:
- 4 reservatórios em Perus (em andamento) e alteamento de pontes no bairro (entregue) – R$ 130,3 milhões;
- reservatório Morro do S (em andamento) – R$ 179,3 milhões;
- reservatório Taboão (entregue) – R$ 51,6 milhões;
- Reservatório Antonic (em andamento) – R$ 273,8 milhões;
- reservatório Aricanduva (entregue) – R$ 17 milhões;
- drenagem do Córrego Pirajuçara (em andamento) – R$ 40,7 milhões
- reservatório Paciência (entregue) – R$ 53 milhões;
- novas galerias do Córrego Jardim São Luiz (em andamento) – R$ 78,1 milhões;
- reservatório Lapenna (em andamento) – R$ 67,1 milhões;
- reservatório Parque do Carmo (em andamento) – R$ 5,1 milhões;
- drenagem do Córrego Sapateiro (preparação para licitação).