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Israel lançou o míssil que matou cinegrafista, diz Líbano

Publicado 14.10.2023, 16:40
Israel lançou o míssil que matou cinegrafista, diz Líbano

As Forças Armadas do Líbano afirmaram neste sábado (14.out.2023) que Israel lançou o míssil que matou o cinegrafista da Reuters Issam Abdallah, de 37 anos, na 6ª feira (13.out). Ele estava com um grupo de profissionais da imprensa que cobria o bombardeio no sul do Líbano, na fronteira com Israel.

Em comunicado, o Comando do Exército libanês disse que o “inimigo” israelense também atacou os arredores das cidades de Marwahin, Aita al-Shaab, Kafr Shuba, Al-Adisa e a planície de Marjayoun, com míssieis disparados por um helicóptero e projéteis de artilharia.

“O exército continua a manter a prontidão e a tomar as medidas necessárias nas zonas fronteiriças”, afirmou. Eis a íntegra da nota, em árabe (PDF – 208 kB). Na 2ª feira (9.out), o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse que o país não quer entrar na guerra entre Israel e o grupo Hamas e que a prioridade é “manter a segurança e a estabilidade no sul do Líbano”.

Segundo informações da Reuters, o tenente-coronel do Exército de Israel Richard Hecht afirmou a jornalistas neste sábado (14.out) que o país está ciente do “incidente” que matou o cinegrafista e que investiga o episódio.

“Estamos investigando. Já temos imagens. Estamos fazendo um interrogatório. É uma coisa trágica”, disse.

Leia também:

  • Guerra pode escalar em “outras frentes” se ataques seguirem, diz Irã

MORTE DE CINEGRAFISTA

Segundo a Reuters, Issam Abdallah integrava a equipe que realizava uma transmissão ao vivo da região. O jornal Al Jazeera informou que 2 profissionais do veículo e 1 da agência de notícias internacional AFP (Agence France-Presse) também ficaram feridos.

Um vídeo que circula nas redes parece mostrar a transmissão realizada pela equipe da Reuters e o momento em que todos são atingidos. É possível ouvir um forte estrondo. Na sequência, há gritos de uma mulher. Ela pergunta o que havia acontecido e diz o seguinte: “Não consigo sentir minhas pernas”. Um homem tenta acalmar a mulher: “Você está bem”.

Assista (29s):

ENTENDA O CONFLITO

Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.

O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.

O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.

A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), Guerra do Yom Kippur (1973), a 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.

Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), em 1947, na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, as lideranças árabes não aceitaram a divisão.

ATAQUE A ISRAEL

O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.

Os ataques do Hamas se concentram ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.

O tenente-coronel israelense Richard Hecht afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.

Saiba mais sobre a guerra em Israel:

  • o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro e assumiu a autoria dos ataques no dia seguinte;
  • cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza. Extremistas também teriam se infiltrado em cidades israelenses –há relatos de sequestro de soldados e civis;
  • Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
  • o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou (8.out) guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
  • líderes mundiais como Joe Biden e Emmanuel Macron condenaram os ataques –entidades judaicas fizeram o mesmo;
  • Irã e o grupo extremista Hezbollah comemoraram a ação do Hamas –saiba como é o interior de túneis usados pelo Hezbollah na fronteira entre o Líbano e Israel;
  • o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo a ONU, ação é proibida pelo direito humanitário internacional;
  • O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comparou o conflito à guerra na Ucrânia. Afirmou que o Hamas é uma “organização terrorista”, enquanto a Rússia pode ser considerada um “Estado terrorista”;
  • Lula chamou os ataques do Hamas de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
  • Haverá uma operação do governo para repatriar brasileiros em áreas atingidas pelos ataques. Serão 5 voos para buscar 900 pessoas. O 1º avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para resgate pousou em Tel Aviv na 3ª feira (10.out). A operação deve ser concluída no domingo (15.out);
  • Embaixada de Israel no Brasil chamou Hamas de “ramo” do regime iraniano;
  • Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também se pronunciaram e fizeram apelo pela paz;
  • Bolsonaro (PL) repudiou os ataques e associou o Hamas a Lula;
  • Governo começou negociação com o Egito para resgatar brasileiros por meio da fronteira terrestre –a ONU aprovou a proposta;
  • O Itamaraty confirmou a morte dos 3 brasileiros que desapareceram durante a rave bombardeada: Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Mendes;
  • Embaixador do Brasil em Israel disse que não há informações oficiais a respeito de brasileiros sequestrados pelo Hamas;
  • Grupo de brasileiros que desejam deixar a Faixa de Gaza chegaram à cidade próxima à fronteira com o Egito no sábado (14.out). O chanceler Mauro Vieira afirmou que o governo egípcio autorizou o grupo a passar por seu território. O avião que fará o resgate decolou de Brasília na 5ª feira (12.out);
  • ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
  • ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
  • OPINIÃO – Dias incertos para o mercado de petróleo, escreve Adriano Pires;
  • FOTOS E VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.

Leia mais em Poder360

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