O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu os parabéns ao presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, pela “ajuda humanitária” que o país tem dado aos palestinos afetados pela guerra em Israel. Os 2 conversaram nesta 4ª feira (11.out.2023) por telefone.
O Palácio do Planalto informou que o conflito no Oriente Médio foi o principal assunto entre os chefes de Estado. Lula defendeu “uma solução amigável” para a guerra com o objetivo de, segundo ele, evitar mortes, em especial de civis, mulheres e crianças.
“Os dois líderes reconheceram a importância da ajuda humanitária de ambos os países, e a necessidade de se concentrar em aliviar o sofrimento das comunidades afetadas pelos bombardeios recentes. Em um esforço para evitar uma escalada adicional da situação, concordaram em trabalhar em conjunto para promover a paz e a estabilidade na região”, disse a nota.
Lula também propôs uma colaboração intensificada no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Em outubro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do órgão. O mandato é de 1 mês.
No sábado (7.out), dia do início do conflito entre Israel e Hamas, Lula se posicionou nas redes sociais repudiando os “ataques terroristas”, mas relativizou a ação do grupo extremista ao escrever sua mensagem em tom adversativo e defender ser necessário trabalhar por um “Estado Palestino economicamente viável” e “dentro de fronteiras seguras”.
Lula e Nahyan também discutiram a ampliação das relações econômicas entre Brasil e Emirados Árabes Unidos. O presidente vai a Dubai para a COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023), que será realizada de 30 de novembro a 12 dezembro. É o principal evento internacional sobre meio ambiente e mudança do clima.
Será a 1ª viagem internacional do presidente depois das duas cirurgias feitas em 29 de setembro.
O telefonema com Mohammed bin Zayed Al Nahyan foi o 3º compromisso de trabalho de Lula desde que recebeu alta do hospital, em 1º de outubro. O petista segue em isolamento no Palácio da Alvorada por pelo menos até 6ª feira (13.out).
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.