O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 30, que a Rússia está errada em invadir a Ucrânia. Ainda assim, sugeriu que Kiev poderia ter agido mais para evitar o conflito. "Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam", declarou o presidente ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem se reuniu no Palácio do Planalto. O presidente também disse não ter interesse em enviar munição à Ucrânia para uso na guerra. O petista justificou a decisão afirmando que o Brasil "é um país de paz."
Lula afirmou ter mais clareza atualmente para dizer cabalmente que a Rússia cometeu "um erro", mas ponderou ter ouvido pouco sobre como chegar à paz. "A razão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia precisa ficar mais clara", declarou o presidente. Em uma postura nacionalista, a Rússia invadiu a Ucrânia para evitar a adesão do país vizinho à Otan e frear a aproximação com o Ocidente.
O petista se disse disposto a, se preciso for, conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Logo após a declaração de Lula, Scholz afirmou que a Alemanha tem uma posição clara, que é contrária à invasão da Ucrânia.
No Palácio do Planalto, Lula reforçou que o Brasil deseja fazer parte do Conselho de Segurança da ONU, que não mais representaria a realidade geopolítica mundial e é incapaz de evitar guerras. Isso seria possível, disse o presidente, a partir do G-4, formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão. "Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força e mais representatividade", disse o petista.
Apesar da posição expressa nesta segunda-feira, a opinião de Lula a respeito do conflito causou polêmica quando a guerra despontou, no ano passado. Em entrevista à revista americana Time em maio de 2022, o então pré-candidato à Presidência afirmou que Zelenski "é tão responsável quanto o Putin" pela invasão russa. "Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: 'A Ucrânia não vai entrar na Otan'. Estaria resolvido o problema", afirmou o petista, na época. A declaração gerou controvérsia e foi criticada. Em outra ocasião, o petista afirmou que, se fosse no Brasil, a questão teria sido resolvida "tomando cerveja", o que também repercutiu negativamente.