BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro condenou "nos mais firmes termos" a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado Democrático de Direito no país, afirmou em nota nesta quarta-feira o Ministério das Relações Exteriores.
Na nota, o governo manifestou seu apoio e solidariedade ao presidente boliviano, Luis Arce, ao governo e ao povo bolivianos.
"Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região", acrescentou o Itamaraty.
"Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul, sob a égide do Protocolo de Ushuaia", completou.
A manifestação do governo brasileiro foi divulgada após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter convocado uma reunião de emergência com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, para discutir a tentativa de golpe na Bolívia, disseram à Reuters duas fontes do Palácio do Planalto.
Lula, que está reunido com seus auxiliares no Planalto, também foi ao X para condenar a situação na Bolívia.
"A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão presidido por Luis Arce", afirmou.
Pouco antes, Lula havia pedido à diplomacia brasileira que entrasse em contato com autoridades na Bolívia para obter informações sobre a situação no país, e defendeu a manutenção da democracia na América Latina, depois que o presidente boliviano, Luis Arce, denunciou uma "mobilização irregular" das Forças Armadas na capital La Paz para tentar um golpe de Estado.
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales acusou um general militar -- Juan José Zuñiga -- de tentar dar um golpe de Estado.
Soldados fortemente armados e veículos blindados foram vistos reunidos na Plaza Murillo, na capital, mostraram vídeos compartilhados nas mídias sociais.
(Reportagem de Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello)