O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo vai estudar um programa de financiamento para a produção agrícola indígena. De acordo com ele, "não é possível que emprestamos tanto dinheiro à produção agrícola neste País e não tenha chegado dinheiro à produção agrícola indígena".
O presidente afirmou que o programa será discutido assim que regressar a Brasília "com muito carinho". "Fiquei triste porque descobri que vocês não têm ajuda do governo para financiar a produção de vocês", afirmou. "Se nós temos dinheiro para financiar empresários, agricultura familiar, grandes proprietários de terra, por que não existe dinheiro para financiar povos indígenas em sua produção?", questionou Lula na 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, que ocorre nesta segunda-feira, 13, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O evento segue até terça-feira, 14.
Lula reclamou da acusação de ocupação das terras por indígenas. "Os indígenas não estão ocupando terra de ninguém, estão apenas brigando para ficar com aquilo que era todo seu e que os invasores, desde 1500, vêm tirando pedaço de terra", disse. O presidente também criticou a escravidão.
O encontro tem como tema 'Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade' e deve reunir cerca de duas mil lideranças de Roraima. Também participam representantes de 17 organizações das mais de 32 terras indígenas do Estado. O evento pretende aprofundar as discussões sobre a proteção de terras, a gestão de recursos naturais e a agenda do movimento indígena para 2023.
Quando chegou ao local, o presidente caminhou pela feira agrícola no local, onde foi recebido por produtores que o apresentaram à produção da região. Lula estava acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, dos ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, da Defesa, José Múcio, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, da Saúde, Nísia Trindade, e da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Joenia Wapichana.
Guajajara afirmou que o governo quer reconstruir políticas indígenas, ambientalistas e de direitos humanos que, segundo ela, foram perdidas nos últimos anos. De acordo com a ministra, é preciso construir novas políticas indigenistas a partir de parlamentares indígenas no Congresso Nacional.
A ministra anunciou que há um esforço de retomar, neste mês, o Conselho Nacional de Política Indigenista e, no mês de abril, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). A retomada do Conselho dos Povos Indígenas também foi reiterada por Lula, durante sua fala.
Em discurso, Wapichana fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro e pontuou que foram "anos e anos de paralisia, desmonte e sucateamento". De acordo com ela, precisará de esforços para "tentar recomeçar, reconstruir". "Agora, a Funai voltou, voltou para ficar ao lado dos povos indígenas, das assembleias dos povos indígenas", declarou, sob aplausos da plateia. "Nenhum direito a menos."