BRASÍLIA (Reuters) -O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que tinha sido preso em 22 de março após o vazamento de áudios dele afirmando ter sido pressionado pela Polícia Federal e tecendo críticas ao próprio magistrado.
A decisão do magistrado, que teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi divulgada nesta sexta-feira pela assessoria de imprensa do STF, que acrescentou que o ministro manteve a colaboração premiada firmada por Cid com a Polícia Federal.
"A pretensão de revogação da custódia cautelar parece reunir suficientes razões práticas e jurídicas, merecendo acolhimento, sem embargo de serem retomadas integralmente as medidas cautelares diversas da prisão anteriormente impostas ao investigado", disse Moraes na decisão.
Uma fonte da PF com conhecimento direto das tratativas da colaboração de Cid disse à Reuters que a delação segue vigente, mas a eficácia será avaliada ao final do inquérito. Somente nessa etapa será possível avaliar se as contribuições dele foram efetivamente úteis para a investigação, acrescentou.
O ex-auxiliar de Bolsonaro havia sido preso inicialmente em maio do ano passado, durante uma operação da PF para investigar fraudes na carteira de vacinação do ex-presidente e de aliados. Após prestar três depoimentos, Cid fechou um acordo de colaboração com a polícia, homologado por Moraes em setembro, que o colocou em liberdade condicional.
No entanto, Cid foi preso pela segunda vez em março deste ano logo após prestar depoimento durante audiência no STF. Na ocasião, o Supremo disse que ele teria violado os termos do acordo de colaboração ao conversar sobre o assunto com interlocutores. Na época, o ex-ajudante de Bolsonaro ainda foi alvo de busca e apreensão.
Na audiência no STF de março, Cid voltou atrás nas declarações que havia feito nos áudios vazados à revista Veja. A íntegra do depoimento, liberado à época por Moraes, mostrou que o militar classificou sua fala como um desabafo e negou que tivesse sofrido pressão dos policiais para confirmar uma "narrativa", como dissera nos áudios publicados pela revista.
Na decisão desta sexta, Moraes citou o fato de que após a prisão preventiva de Cid em março ele ter ajudado em diligências das investigações como o fato de que ele continua colaborando.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca)