Investing.com - O ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão nesta quinta-feira após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que pretende trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, informa o jornal Folha de S.Paulo. Assessoria do Ministério negou a saída de Moro do governo. Além disso, a revista Crusoé diz que Moro comunicou a deputados da bancada da Segurança que continua no cargo.
Atualmente, Maurício Valeixo é o diretor-geral da Polícia Federal, escolhido por Moro. O presidente deseja ter uma influência maior na instituição. Bolsonaro tenta reverter a decisão do ministro, segundo o jornal.
Bela Megale informou, em seu blog em O Globo, que Moro condicionou sua permanência no governo se Valeixo prosseguir no cargo. Segundo a jornalista, fontes próximas ao jornalista disseram que Moro respondeu que, efetivada a troca de comando da PF, ele teria que sair do governo. Na avaliação de Moro, a PF garante autonomia contra eventuais interferências políticas com a permanência de Valeixo.
Não é a primeira vez que Bolsonaro busca interferir no comando da instituição. As ameaças de trocar o diretor-geral ocorrem desde o ano passado, quando o presidente trocou diretores de uma superintendência da PF no Rio de Janeiro, além de ameaçar de tirar Valeixo do cargo. Além disso, Bolsonaro incentivou um movimento para recriação do Ministério da Segurança Pública, que poderia levar o desligamento da PF ao Ministério da Justiça comandado por Moro.
Moro chegou ao governo com status de superministro após deixar o cargo de juiz de 1ª instância em Curitiba (PR), mas foi perdendo influência com recuos e derrotas desde quando estourou o vazamento de troca de mensagens entre o então juiz e procuradores da Operação Lava Jato, em que havia indício de combinação de ação entre as duas partes.
A saída de Moro enfraquece a sua eventual candidatura a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, quando o ministro Celso de Mello vai se aposentar ao completar 75 anos.