O presidente da República em exercício, senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos), destacou, em mensagem institucional de fim de ano, que a alternância do poder em uma democracia "é saudável e deve ser preservada". De acordo com Mourão, em 1º de janeiro de 2023, o País mudará de governo, "mas não de regime", com a posse do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em uma contextualização sobre o governo de Jair Bolsonaro, o qual foi vice-presidente, e citando as eleições presidenciais, Mourão citou o silêncio de líderes que deixaram que no País se criasse um "clima de caos". 'Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de País deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe", disse.
Desde a derrota nas eleições presidenciais, Bolsonaro fez longos períodos de silêncio, mesmo diante de protestos no País nas rodovias nacionais.
O presidente da República em exercício agradeceu os votos dos apoiadores do governo. "Desejo concitá-los a lutar pela preservação da democracia, dos nossos valores, do estado de direito e pela consolidação de uma economia liberal, forte, autônoma e pragmática e que nos últimos tempos foi tão vilipendiada e sabotada por representantes dos três poderes da República, pouco identificados com o desafio da promoção do bem comum", disse, retomando os ataques do governo por falta de equilíbrio entre os Poderes, especialmente no Judiciário.
Na avaliação de Mourão, a falta de confiança de parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas "decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais".
Segundo ele, isso gera uma "equivocada canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso".
Às lideranças eleitas, o vice-presidente disse que cumpre o dever de dar continuidade aos projetos iniciados e direcionar seus esforços para assegurar uma democracia "pujante e plural, em um ambiente seguro e socialmente justo". Já aos que farão oposição do governo Lula 3, Mourão destaca que cumprirá a missão de "opor-se a desmandos, desvios de conduta e a toda e qualquer tentativa de abandono do perfil democrático e plural, duramente conquistado por todos os cidadãos". "Buscando-se a redução das desigualdades por meio da educação isenta e eficaz, criando oportunidades iguais a todos os brasileiros", reiterou.
"Tranquilizemo-nos", pediu Mourão. "Retornemos à normalidade da vida, aos nossos afazeres e ao concerto de nossos lares, com fé e com a certeza de que nossos representantes eleitos farão dura oposição ao projeto progressista do governo de turno, sem, contudo, promover oposição ao Brasil".
Ao finalizar o discurso, ele pede que "o nosso amado Brasil continue sua caminhada na direção de seu destino manifesto, tornando-se a mais próspera e bem-sucedida democracia liberal ao Sul do Equador".
Mourão assumiu a chefia do Executivo na sexta, após o presidente Jair Bolsonaro viajar para os Estados Unidos, onde passará a virada do ano.
Este ano foi a primeira vez que Bolsonaro não fez um pronunciamento de Natal em cadeia nacional, como em 2019, 2020 e 2021.