O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 4ª feira (6.nov.2024) que “o dia amanheceu mais tenso” ao ser questionado sobre a vitória de Donald Trump (Partido Republicano) nas eleições dos Estados Unidos. Pediu ajuda do Congresso porque o momento é “mais desafiador”.
“Na campanha, foram ditas muitas coisas que causam apreensão não [só] no Brasil, no mundo inteiro. Causam pressão nos mercados emergentes, nos países endividados, na Europa. O dia amanheceu, no mundo, mais tenso, em função do que foi dito na campanha”, declarou.
Haddad indicou, porém, que o que foi dito na campanha pode não ser feito. “O discurso pós-vitória oficiosa[…] já é um discurso mais moderado do que o da campanha. Então, nós temos que aguardar um pouquinho e cuidar da nossa casa. Cuidar do Brasil, das finanças e da economia para ser o menos afetado possível, qualquer que seja o cenário externo”, disse.
Haddad afirmou que o cenário externo tem sido desafiador “há alguns meses”. Disse que, desde novembro de 2023, defende que haja cautela interna “em virtude do que estava acontecendo no mundo”.
Para o ministro, o êxito do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas votações do ano passado foi uma sensibilidade do Congresso com esse argumento. “Tem que se sensibilizar mais, porque o momento é mais desafiador”, disse.
Haddad declarou ser preciso esperar os desdobramentos do governo Trump em 2025. Afirmou que o Partido Republicano teve vitória no Senado e na Câmara e, por isso, o governo dos EUA terá “muitos graus de liberdade”.
O ministro disse que a vida “trata de corrigir algumas propostas mais exacerbadas e trata de moderar”. Questionado se o resultado poderia se refletir nas eleições de 2026, Haddad declarou que é “difícil dizer” e que o importante é a democracia “continuar existindo”.
E completou: “Não tem um casamento de eleições entre o Brasil e os Estados Unidos. Não tem um automatismo. Existe um fenômeno de extrema-direita no mundo crescente, isso todos os analistas políticos, inclusive nos Estados Unidos, estão dizendo”.
REVISÃO DE GASTOS
Haddad disse acreditar que encerrou na 3ª feira (5.nov) a rodada de reuniões com os ministérios envolvidos com as medidas de revisão dos gastos públicos obrigatórios. Segundo ele, todos os ministros estão “conscientes” da tarefa de reforço do marco fiscal, previsibilidade e sustentabilidade das finanças no médio e longo prazo.
“Vamos dar uma devolutiva para ele [presidente] assim que ele for informado que o trabalho da Casa Civil, Fazenda e Planejamento está concluído. Vamos dar a devolutiva das impressões recebidas”, disse. “Penso que há um consenso em torno do princípio e, a partir dessa devolutiva o presidente encaminha o endereçamento para o Congresso”, completou.
Antes do envio, Haddad disse que, “possivelmente”, Lula irá se reunir com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).