A OMS disse na 4ª feira (8.nov.2023) que a Faixa de Gaza enfrenta risco alto de rápida propagação de doenças infecciosas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a principal causa da ameaça é o ataque israelense à região, que perturba o sistema de saúde, o acesso à água potável e faz com que as pessoas se aglomerem em abrigos.
“Algumas tendências preocupantes já estão surgindo”, diz a OMS em nota (íntegra, em inglês – PDF – 388 kB). “A situação é particularmente preocupante para as quase 1,5 milhão de pessoas deslocadas em Gaza, especialmente aquelas que vivem em abrigos superlotados e com acesso deficiente a instalações de higiene e água potável, aumentando o risco de transmissão de doenças infecciosas”, completou.
Segundo a OMS, a falta de combustível levou ao encerramento de fábricas de dessalinização, “aumentando significativamente o risco de infecções bacterianas, como a diarreia, que se espalham à medida que as pessoas consomem água contaminada”. A escassez “também perturbou toda a recolha de resíduos sólidos, criando um ambiente propício à proliferação rápida e generalizada de insetos e roedores que podem transmitir doenças”.
A OMS afirma que, desde meados de outubro, foram notificados mais de 33.551 casos de diarreia, sendo que mais da metade ocorre em crianças menores de 5 anos. O número representa, conforme a Organização, “um aumento significativo” em comparação com a média de 2.000 casos mensais em crianças menores de 5 anos registrados em 2021 e 2022.
Também foram notificados, desde meados de outubro, 8.944 casos de sarna e piolhos, 1.005 casos de varicela, 12.635 casos de erupção cutânea e 54.866 casos de infecções respiratórias superiores.
“A interrupção das atividades de vacinação de rotina, bem como a falta de medicamentos para o tratamento de doenças transmissíveis, aumenta ainda mais o risco de propagação acelerada de doenças”, diz a nota. “Nas instalações de saúde, os sistemas de água e saneamento danificados e a escassez de materiais de limpeza tornaram quase impossível manter medidas básicas de prevenção e controle de infecções”, continua.
“A OMS apela ao acesso urgente e acelerado à ajuda humanitária –incluindo combustível, água, alimentos e suprimentos médicos– dentro e em toda a Faixa de Gaza. Todas as partes no conflito devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional de proteger os civis e as infraestruturas civis, incluindo os cuidados de saúde”, completa.
A OMS afirma que, dos quase 1,5 milhão de pessoas deslocadas, quase 725 mil estão em 149 instalações da UNRWA (sigla em inglês para Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina). Outras 22.000 estão abrigadas em hospitais, igrejas e edifícios públicos. Estão em escola 131,1 mil pessoas. O restante está abrigada com famílias de acolhimento.
“À medida que as pessoas enfrentam escassez de alimentos, desnutrição e um clima mais frio iminente, ficarão ainda mais suscetíveis a contrair doenças. Isto é especialmente preocupante para as mais de 50.000 mulheres grávidas e aproximadamente 337 mil crianças com menos de 5 anos que se encontram atualmente em Gaza”, lê-se na nota.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, em 7 de outubro, a Faixa de Gaza tem sido privada de comida, água, energia e combustível pelo cerco de Israel ao território, controlado pelo Hamas. Alguns caminhões de ajuda humanitária estão entrando pela fronteira entre Rafah e o Egito, carregados com alimentos e medicamentos. Organizações não governamentais dizem que a quantidade é insuficiente.