A duas semanas do 2º turno da eleição para a Presidência da Argentina, 5 pesquisas de intenção de voto indicam um cenário indefinido para o pleito de 19 de novembro.
O ministro da Economia, Sergio Massa (da coalizão de esquerda Unión por la Pátria), lidera em 2 levantamentos. Há empate técnico com o candidato de direita, Javier Milei (La Liberdad Avanza), em 3 outras pesquisas. Massa ficou à frente no 1º turno de 22 de outubro, com 36,68% dos votos válidos, contra 29,98% de Milei.
Leia os detalhes das pesquisas:
- Atlas/Intel
A última pesquisa Atlas Intel na Argentina mostrou Milei numericamente à frente na corrida presidencial para o 2º turno, com 52% dos votos válidos. Sergio Massa tem 48%. Eles estão tecnicamente empatados no limite da margem de erro, de 2 pontos percentuais. A pesquisa ouviu 3.218 pessoas de 4ª feira (1º.nov) até esta 6ª feira (3.nov). O levantamento mostrou que o atual presidente, Alberto Fernández, tem apenas 11% de aprovação –o que pode impactar o desempenho de Massa na votação de 19 de novembro.
A hiperinflação argentina e a dificuldade de gerenciamento da dívida externa são os principais motivos para a baixa popularidade. A Argentina pagou, na última 4ª feira, US$ 2,6 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional) em dívidas relativas ao mês de outubro.
- Pesquisa Zuban Córdoba
Segundo a pesquisa da Zuban Córdoba divulgada pelo jornal Clarin, Massa tem 45,4% das intenções de voto para o 2º turno, enquanto Milei chega a 43,1% –estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro de 2,19 pontos percentuais. O levantamento foi realizado com 2.000 entrevistados em 28 e 29 de outubro.
O ministro enfrenta uma taxa de rejeição de 56,7%, enquanto o deputado de direita chega a 54,3%. Além disso, a pesquisa revela que entre os seguidores de Patricia Bullrich (3ª colocada no 1º turno), 28,9% não votariam em Milei no 2º turno, enquanto 45% afirmaram que apoiariam o candidato direitista.
- Pesquisa Analogias
Numa disputa contra Javier Milei, o representante governista tem 42,4% das intenções de voto contra 34,3% do adversário. O levantamento entrevistou 1.954 argentinos por telefone de 23 a 25 de outubro de 2023. A pesquisa apresenta nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,4%. Eis a íntegra (PDF – 2 MB, em espanhol).
Segundo o levantamento, Massa lidera as preferências com o apoio de 1/3 dos eleitores de Juan Schiaretti, 60% de Myriam Bregman e quase 15% de Patricia Bullrich.
O Analogias aponta que o candidato da Unión por la Pátria está crescendo entre mulheres, grupos etários intermediários e pessoas com “menor instrução”. Além disso, 52% dos entrevistados concordam com a formação de um governo de unidade nacional para “enfrentar os desafios atuais da Argentina”.
A formação de um “governo de unidade nacional” foi citada pelo ministro da economia argentino em seu discurso depois da vitória no pleito de 22 de outubro. A proposta mira os eleitores de espectros mais ao centro e à direita que votaram em candidatos como Milei e Bullrich no 1º turno.
- CB Consultora
No levantamento feito pela CB Consultora, Milei tem 50,7% das intenções de voto no 2º turno, contra 49,3% do peronista Sergio Massa. Ambos estão empatados tecnicamente.
Entre aqueles que votaram em Patricia Bullrich no 1º turno, 46% disseram que votariam em Milei, enquanto apenas 14% responderam que apoiariam Massa.
O levantamento entrevistou 1.715 argentinos nos dias 23 e 24 de outubro de 2023 e apresenta nível de confiança de 95%. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. Eis a íntegra (PDF – 810 kB, em inglês).
- Pesquisa Proyección
O levantamento indica que Massa tem 44,6% das intenções de voto, contra 34,2% de Milei. Foram obtidos dados de 1.459 argentinos maiores de 16 anos por meio de um questionário online realizado em 23 e 24 de outubro de 2023. A pesquisa possui um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,63%. Eis a íntegra (PDF – 2 MB, em espanhol).
O candidato peronista obteve uma taxa de aprovação de 40,3%, enquanto Milei alcançou 38,9%, segundo a pesquisa realizada pela consultora Proyección. Em relação à rejeição, os números foram de 56,4% para Massa e 57,7% para Milei.
Cenário Econômico
A Argentina é a 2ª maior economia da América do Sul e a 22ª no mundo, com o PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 632,77 bilhões, segundo dados de 2022 do Banco Mundial. O país é ainda o 3º maior parceiro comercial dos brasileiros. O Brasil exportou US$ 15,34 bilhões e importou US$ 13,10 bilhões do país vizinho no ano passado, com saldo de US$ 2,24 bilhões.
Em setembro, a inflação anual argentina avançou para 138,3% e registrou a taxa mensal de 12,7%, a mais alta do país em 21 anos.
Já a taxa de juros, a Leliq, foi elevada pelo BCRA (Banco Central da República da Argentina) para 133% em outubro, em uma tentativa de reforçar o incentivo à poupança em pesos e controlar a alta dos preços.
As reservas de dólares do país também estão em baixa. Até 31 de agosto, o BC argentino tinha US$ 28 bilhões. O presidente Alberto Fernández começou 2023 com US$ 44,6 bilhões em reservas. Na série histórica, desde 2011, o BCRA atingiu a máxima de reservas da moeda norte-americana em 2019, com US$ 77,4 bilhões em caixa. À época, o país era governado por Mauricio Macri.
O índice de pobreza no país atingiu 40,1% no 1º semestre de 2023. No mesmo período do ano passado, estava em 36,5%. O aumento de 3,6 pontos percentuais representa um crescimento previsto de 1,7 milhão de pessoas pobres em todo o país.
Esses 40,1% são a média dos índices do 1º trimestre (38,7%) e do 2º trimestre (41,5%). Os dados constam em relatório (PDF – 893 kB, em espanhol) do Indec (sigla para Instituto Nacional de Estatística e Censos) sobre o rendimento dos argentinos, divulgado em 21 de setembro. Considerando a margem de erro, o nível de pobreza do 2º trimestre no país pode variar de 40% a 43%.
Os dados contemplam 31 aglomerações urbanas, que totalizam 29 milhões de pessoas. Se as percentagens forem estendidas a toda a população (46,2 milhões), incluindo a rural, equivaleria a quase 18,5 milhões de pessoas pobres.
O Indec diz que 62,4% da população argentina recebeu alguma renda no 1º semestre de 2023. A média no 2º trimestre foi de 138,5 mil pesos argentinos (RS 1.954 na cotação atual).