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Precisamos 'macetar' legalização do aborto e das drogas, diz Michelle em evento do PL Mulher

Publicado 10.03.2024, 05:42
Atualizado 10.03.2024, 09:10
© Reuters.  Precisamos 'macetar' legalização do aborto e das drogas, diz Michelle em evento do PL Mulher

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro conclamou suas correligionárias do Partido Liberal na Bahia a "macetar" a liberação das drogas e do aborto e a "ideologia de gênero", durante um evento na capital, Salvador, neste sábado, 9. Desde 2023, Michelle tem já realizou 17 eventos parecidos em outros Estados brasileiros, com o objetivo de incentivar mulheres conservadoras a disputarem as eleições municipais deste ano.

"Nós precisamos, como diz aqui na Bahia, nós precisamos macetar. Mas é macetar a legalização do aborto, macetar a legalização das drogas. Nós vamos macetar essa ideologia de gênero do mal. Vamos macetar tudo aquilo que o inimigo e essa extrema esquerda maldita, que é usada para o mal, querem implantar na nossa sociedade. Nós não aceitamos, mulheres", disse.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal desde 2015. Na última quarta-feira, 6, o julgamento do caso foi suspenso após o ministro Dias Toffoli pedir mais tempo para análise. A Corte também iniciou a votação sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana da gestação. Não há previsão de o tema retornar à pauta do plenário.

Ainda sobre o aborto, em fevereiro, o Ministério da Saúde suspendeu uma nota técnica feita pela pasta com recomendações a respeito da realização de aborto para casos já previstos em lei. A publicação refutava conceitos adotados em um documento anterior do ministério, elaborado sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que dificultava o acesso ao aborto legal.

Críticas a Lula e Janja

A ex-primeira-dama também aproveitou para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alfinetar a atual primeira-dama, Janja. "Claro que algumas nascem com a vocação de viajar. Mas eu nasci com a vocação de trabalhar pelo povo", disse ela, sem citar o nome de Janja. "O que dói o meu coração hoje é que tem muita coisa para dar continuidade, e está tudo parado. Porque as prioridades deste atual governo são outras. É gastar o dinheiro do contribuinte com irresponsabilidade", disse.

Michelle acusou Lula de fazer "chacota com uma candidata na Venezuela". A referência é à fala recente de Lula sobre María Corina Machado, opositora de Nicolás Maduro. Ao comentar as eleições no país, o presidente brasileiro colocou em dúvida o comportamento dos opositores e sugeriu que candidatos impedidos de concorrer não deveriam "ficar chorando". Corina Machado está inelegível por 15 anos.

No evento, Michelle contou ter tido "depressão" em 2019, no primeiro ano de governo do marido, Jair Bolsonaro, por não ter conseguido ajudar todas as pessoas que a procuravam pedindo auxílio.

"Eu tive depressão no primeiro ano, porque eu queria, eu achei que fosse chegar e resolver a situação de todo mundo. Mas a gente sabe como é burocrático, como a máquina é lenta. A gente chegando ali, de primeira viagem, e as mães chegavam pra mim: 'Michelle (...), se o meu filho não tomar medicação em 30 dias, ele vai perder o movimento das pernas, ele vai parar de mexer a cabeça'. E nós, que somos mães, nos colocamos no lugar de outras mães e sentimos a dor delas", disse.

Nos eventos que realiza desde o ano passado pelo PL Mulher, a ex-primeira-dama busca incentivar mulheres conservadoras a se organizarem para disputar as eleições municipais de outubro deste ano. "Nós sabemos que muitas acham que não têm aptidão para estar na política partidária, mas muitas aqui são lideranças sociais. E muitas aqui já fazem política", afirmou. No discurso, Michelle exaltou a presidente estadual do PL baiano, a deputada federal Roberta Roma (PL-BA). A parlamentar é casada com o ex-deputado João Roma, que foi ministro da Cidadania de Bolsonaro (2021-2022).

Acompanhada do ex-presidente Jair Bolsonaro, Michelle disse que seu objetivo com o PL Mulher não é o de disputar com os homens da agremiação, e sim de atuar como "ajudadoras". "Esse é o nosso papel como esposas", disse. "Nós queremos colaborar com vocês. Nossa política é diferenciada, nossa política é feminina e não feminista. Estamos aqui para ser ajudadoras, esse é nosso papel como esposas. Não estamos aqui para competir com vocês, nós queremos fortalecer o movimento feminino partidário", afirmou. Não é a primeira vez que ela usa o termo: em setembro de 2022, num evento em Natal (RN), Michelle disse que "a mulher é ajudadora do esposo".

"Nós queremos fortalecer o movimento feminino partidário, porque nós sabemos que é um ano muito importante, onde nós temos que trabalhar firme, com a nossa presidente estadual Roberta Roma e as nossas presidentes municipais (do PL), para que a gente possa fortalecer e eleger o maior número de mulheres de bem a vereadoras e prefeitas da Bahia", disse. Durante o evento, a ex-primeira-dama recebeu a Comenda 2 de Julho, considerada a principal honraria da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) - a distinção foi aprovada pelos deputados estaduais baianos em 20 de dezembro passado.

Em seu discurso, Michelle contou ainda que não gostou da experiência de trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados. Foi nessa função que ela conheceu Jair Bolsonaro. "Eu sempre fiz política e não sabia. Até porque eu tinha aversão à política. Eu achava que eu não deveria estar (...) na política, porque a política não era lugar para pessoas de bem. E eu fiquei três anos nos bastidores, não gostei muito de como era o trabalho ali. Quando eu estava para sair da Câmara, eu conheci o nosso capitão. E eu falei: 'poxa vida, a pessoa não gosta de política e casa com um político'", contou.

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