O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Márcio Pochmann, declarou que o trabalho do instituto precisa considerar um “deslocamento do centro dinâmico do mundo” que, segundo ele, está passando do Ocidente para o Oriente.
O economista ainda afirmou que a consequência desse processo seria o retorno a “uma normalidade que existia antes de 1500” no Brasil. Pochmann, no entanto, não explicou o que significaria o retorno a essa “normalidade” nem deu detalhes sobre como o “deslocamento” impactaria a atividade do órgão. A declaração foi feita durante a cerimônia de posse do coordenador-geral do CDDI (Centro de Documentação e Disseminação de Informações), Daniel Castro, em 24 de outubro.
O Poder360 entrou em contato com a assessoria de imprensa do IBGE para entender as declarações, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.
Pochmann ainda mencionou o encontro que teve com a direção do Instituto Nacional de Estatística da China no mês de setembro. Segundo ele, o país realiza um censo econômico para capturar o valor agregado das atividades digitais, algo que nunca foi feito pelo Brasil. A iniciativa é considerado uma referência para o órgão.
“Hoje, com o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente, já não estão perceptíveis as melhores soluções apenas no Ocidente. O Oriente também traz informações.”
Durante a cerimônia de posse de Daniel Castro, o economista também comentou que pretende mudar o modelo de divulgação das estatísticas de pesquisas do IBGE.
Sem dar detalhes, ele sugeriu que o formato atual poderia ser descontinuado. A declaração provocou temor de eventuais interferências no trabalho técnico e independente da instituição entre técnicos, funcionários e aposentados, segundo o jornal O Globo.
“A comunicação do passado era aquela que o IBGE produzia as informações e os dados, fazia uma coletiva e transferia a responsabilidade para o grande público através dos meios de comunicação tradicional. Isso ficou para trás”, disse Pochmann.