O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) foi a sigla que mais perdeu filiados desde outubro de 2022. São, atualmente, 26.258 políticos a menos no partido em comparação ao ano passado.
Ao todo, 19 siglas perderam políticos de seus quadros de 1 ano para o outro.
O PTB é seguido pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista), que também tiveram quedas expressivas. O 1º foi de 2.076.269 filiados em 2022 para 2.054.436 agora –uma baixa de 21.833. Já o PDT perdeu 20.165 filiados, caindo de 1.125.659 no ano passado para os atuais 1.105.494.
Os dados são de levantamento do Poder360 com base em informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A base de dados mais recente disponível sobre filiações partidárias mensais, referente a outubro de 2023, foi atualizado no repositório do tribunal eleitoral na 2ª feira (6.nov.2023).
Segundo Maria do Socorro Sousa Braga, professora do setor de Ciência Política da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) que pesquisa instituições e comportamento político, isso tende a acontecer porque alguns partidos estão entrando em suas “maioridades”, ou seja, já existem há tempo no cenário político brasileiro.
Para ela, partidos grandes e mais antigos, como no caso do PTB e do MDB, tendem a ter um fluxo maior de entrada e saída de filiados.
Entre aqueles que perderam adeptos, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) foi o mais próximo de permanecer “estável”. A legenda perdeu 96 integrantes, o que não soma nem 1% do total de inscritos.
De modo geral, a tendência é de queda de inscritos. Desde 2020, o total de filiados em siglas no Brasil tem caído, passando de 16.453.092 naquele ano para os atuais 15.848.558.
MDB LIDERA QUEDA DESDE 2014
Se considerada a diferença de filiados de 2014 a 2023, o partido que mais encolheu foi o MDB. Naquele ano, a sigla tinha 2.353.716 inscritos e perdeu 299.280 deles no período, um saldo negativo de 13%.
É seguido pelo PTB e pelo PP (Progressistas). Esses partidos perderam, respectivamente, 156.168 e 134.276 filiados desde 2014.
O PDT também está entre aqueles cujos quadros tiveram a maior queda: perdeu 8% da base de filiados de lá para cá. O PSDB, em 5º lugar, perdeu 3% da base desde 2014, uma baixa de 36.977 tucanos.
Já os partidos que mais cresceram no período foram o Podemos (+671.853), o Solidariedade (+350.626) e o Patriota (ex-PEN), com 307.202 filiados a mais do que em 2014.
A título de comparação, o levantamento considerou somente partidos que já haviam sido criados em 2014 e que existem até hoje.
SÓ 11 PARTIDOS CRESCERAM DESDE 2022
Desde outubro de 2022, os partidos que ganharam filiados são minoria no Brasil. Das 30 siglas, apenas 11 ganharam novos inscritos.
Foram elas: Podemos, Solidariedade, Psol (Partido Socialismo e Liberdade), PL (Partido Liberal), PT (Partido dos Trabalhadores), Republicanos, Rede Sustentabilidade, Novo, UP (Unidade Popular pelo Socialismo), PSD (Partido Social Democrático) e o PCO (Partido da Causa Operária).
O Podemos foi o que obteve maior aumento desde o ano passado. Foi de 405.275 filiados, em outubro de 2022, para 802.231 em 2023. Foi também um dos partidos que apresentou o maior crescimento percentual. A expansão foi de 98% de 1 ano para o outro, quase duplicando sua base.
Apesar de expressivo, parte desse aumento pode ser creditado à fusão com o PSC (Partido Social Cristão), autorizada pelo TSE em junho de 2023.
Algo similar ocorreu com o Solidariedade, fundido com o Pros (Partido Republicano da Ordem Social), em fevereiro deste ano. De 2022 a 2023, a sigla aumentou 47%.
Dentre os 11 que apresentaram aumento de filiados no último ano, o Psol está entre aqueles que cresceram sem a incorporação de políticos de outras agremiações. Foi a 3ª maior variação positiva, indo de 226.072 filiados em outubro passado para os atuais 292.039.
Segundo a sigla, o Psol representa “uma esquerda renovada, que conseguiu entender as principais lutas do nosso tempo”. Juliano Medeiros, que foi presidente do Psol de 2018 a outubro de 2023, credita parte do crescimento ao fato de os psolistas serem parte da base governista.
“O fato de sermos parte da base do governo do presidente Lula, mas mantendo nossa combatividade e compromisso com o programa eleito em 2022, tem fortalecido o PSOL como alternativa para uma série de novos ativistas que veem no nosso partido uma esperança de renovação da esquerda”, afirmou ao Poder360.
ESTRELAS PARTIDÁRIAS
O aumento ou perda de filiados depende muito de políticos que são bem-sucedidos nas eleições.
Dentre as 5 legendas que mais agregaram filiados, o caso do Podemos é peculiar. Os 2 grandes nomes que estiveram no partido já deixaram a agremiação. O senador Sergio Moro (PR) foi eleito pelo União Brasil, mas esteve até 2022 (antes do limite permitido pela legislação eleitoral) filiado ao Podemos.
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol teve grande votação (344.917 votos) e foi eleito pelo Paraná. Ele tomou posse, mas sua candidatura foi cassada pelo TSE e Deltan deixou o partido.
Dessa forma, ficou como estrela da legenda a senadora Soraya Thronicke (MS), eleita em 2018 pelo antigo PSL (partido de Jair Bolsonaro naquela eleição), mas que acabou depois decidindo se filiar ao Podemos –abandonando o bolsonarismo e hoje atuando como linha auxiliar do lulismo no Congresso.
O Solidariedade é uma legenda que tem como esteio o sindicalismo, sobretudo da Força Sindical. As agremiações de trabalhadores ajudam na coleta de assinatura para que a legenda tenha mais filiados e isso explica um pouco o aumento expressivo de associados.
Até porque, Paulo Pereira da Silva, grande estrela da legenda, sequer conseguiu ser eleito em 2022. Ele ficou como suplente de deputado federal por São Paulo e deve assumir uma cadeira agora, pois 1 eleito pelo Solidariedade foi cassado pela Justiça Eleitoral.
No caso do Psol, o deputado federal Guilherme Boulos (SP) representa para parte do eleitorado de esquerda o que foi o PT nos anos 1980, com discurso mais radical e fazendo apelos mais diretos a esse grupo demográfico.
O PL teve como grande trunfo os votos dados a Jair Bolsonaro para presidente em 2022 e a maior bancada eleita de deputados federais.
No PT, houve um ressurgimento da legenda depois que Lula foi solto da cadeia após passar 580 dias preso. A legenda também conquistou uma bancada de deputados expressiva em 2022, sobretudo também por causa de governadores eleitos no Nordeste, como Jerônimo Rodrigues, na Bahia.