O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça, 10, que o Supremo Tribunal Federal precisa apresentar os argumentos que dispôs para afastar do cargo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do mesmo partido.
"Independentemente de ele ser do MDB, acho importante que o STF coloque os argumentos com relação ao seu afastamento. Evidentemente que uma decisão do Supremo deve ser absolutamente respeitada, e o ministro Alexandre de Moraes deve estar embasado para tomar uma atitude drástica dessas, mas, em defesa da democracia, é preciso que sejam apresentados os argumentos", disse, em entrevista à Rádio Eldorado.
Segundo Nunes, deve-se tratar com muita "cautela" o afastamento de políticos eleitos - Ibaneis foi reeleito para o cargo em primeiro turno no ano passado. "Esses momentos nos deixam, de uma certa forma, com os nervos aflorados, mas a tranquilidade neste momento é muito importante. Não tenho dúvidas de que o STF fará isso (apresentar os argumentos)."
Sobre a sugestão de parte dos políticos do MDB de expulsar Ibaneis do partido, Nunes seguiu a mesma linha, pedindo tranquilidade. "Acho que não podemos falar em afastamento neste momento sem termos provas de que existiu por parte dele algum comportamento que contribuísse para a invasão. Se houver, aí é outra situação. Hoje, não temos. Não podemos, em defesa da democracia, fazermos ações atropeladas. É preciso apurar", disse.
Candidato à reeleição em 2024, Nunes afirmou que não se pode generalizar as Polícias Militares depois de agentes da PM do DF serem flagrados fotografando as depredações feitas e não as impedindo. "Precisamos separar quem errou e não culpar a instituição."
Apesar de não ordenar a desmobilização do acampamento montado por bolsonaristas na região do Ibirapuera, zona sul da capital, desde o final das eleições, o prefeito considerou o movimento como ilegítimo. As barracas só foram retiradas da frente do Comando Militar do Sudeste nesta segunda, 9, após ordem do STF.
Lula
Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito elogiou a "rápida resposta" dada pelas autoridades dos três poderes após as invasões ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF. Crítico da esquerda, Nunes afirmou, no entanto, que espera ter boa relação com o governo federal em função dos interesses da cidade. Ele mencionou, por exemplos, convênios para realização de obras nas áreas da saúde, como a correção da Tabela do SUS, drenagem urbana e habitação.
Sobre o MDB aderir à base do governo federal, com três ministérios, Nunes afirmou que não se opõe. "Não tenho nenhum problema em relação a isso. O nosso País é continental, as cidades têm demandas muito diferentes e o MDB é um partido de centro. Além disso, os nomes do partido colocados são muito bons", afirmou, citando especialmente a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MS).
Nunes ainda elogiou a disposição do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de participar nesta segunda, 9, de reunião em Brasília com Lula, sua equipe e os demais governadores. Tarcísio chegou a anunciar que não iria, mas recuou. "Ele é um cara muito ponderado, deu um grande exemplo em participar da reunião para mostrar que a função que exerce está acima de qualquer posição ideológica."