O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse na 2ª feira (20.mai.2024) que o governo deixou claro ao Mercosul (Mercado Comum do Sul) que o Brasil buscará arroz “em outro lugar” se houver “especulação” no preço por parte do bloco. A declaração foi feita ao G1 pouco depois de o Planalto anunciar que vai zerar o imposto de importação de alguns tipos de arroz.
A safra do Rio Grande do Sul foi comprometida pelas enchentes no Estado. Segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), 70% da produção de arroz do país é proveniente do território gaúcho. Com as taxas de importação zeradas, todos os países competem com maior igualdade com o Mercosul, uma zona de livre comércio.
Para evitar o desabastecimento de arroz no Brasil, o governo pretendia comprar o alimento de países vizinhos. “Nós íamos comprar 100 mil toneladas, mas, pelos preços que eles [o Mercosul] estavam anunciando, nós íamos comprar só 70.000”, disse Fávaro, acrescentando que alta na cotação rondou os 30%.
“Certamente, eles vão voltar para a realidade porque não é justo”, afirmou. “Nós demos uma demonstração ao Mercosul de que, se for querer especular, nós buscamos de outro lugar”, declarou.
Depois de o Mercosul aumentar o preço do arroz, o governo suspendeu um leilão que faria nesta 3ª feira (21.mai) para a compra do grão. A decisão, segundo Fávaro, partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ministro voltou a dizer que a importação de arroz não é para competir com os produtores do Rio Grande do Sul. “Nós estamos com um problema de logística. [O arroz] não consegue sair de lá, não consegue emitir nota [fiscal]”, disse.
Fávaro declarou que, mesmo com rotas alternativas, há o problema do custo logístico. “Vai você contratar um frete agora? Vai lá buscar o arroz no Rio Grande do Sul sabendo que vai ter dificuldade? Filas, o frete [custando] 20%, 30%?”, questionou.
“Então nós precisamos tomar medidas de apoio para abastecer o mercado e garantir estabilidade. Não é em detrimento dos produtores”, disse.