O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que não tem "arrependimento nenhum" de ter participado com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do evento em Santos, litoral paulista, na manhã da última sexta-feira, 2. Em referência ao petista, ele ainda disse que "somos adversários, não podemos ser inimigos".
A declaração foi dada durante entrevista à CNN nesta segunda-feira, 5. Tarcísio ainda confirmou que não existe "alinhamento político" e nem "uniformidade de ideias" com Lula.
Desde o fim de semana, o governador está na Europa. O objetivo da viagem, de acordo com o político, é apresentar uma carteira de R$ 235 bilhões em projetos de infraestrutura para grandes empresas da área.
Tarcísio compareceu à cerimônia de comemoração dos 132 anos do Porto de Santos e de anúncio de investimentos no Túnel Submerso Santos-Guarujá. Durante o encontro, o governador deu risadas após ouvir a plateia gritar pedindo que ele voltasse ao PT.
Quando militantes petistas começaram a vaiar o chefe do Executivo paulista, Lula os repreendeu. "Eu quero te dizer, Tarcísio, que você terá da presidência tudo aquilo que for necessário, porque estou beneficiando o Estado mais importante da federação. São Paulo merece respeito e o governador merece ser tratado com muito respeito", disse.
Conversa com Bolsonaro
No mesmo dia da cerimônia com Lula, Tarcísio contou que teve uma conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e não teria havido mal estar com seu padrinho político.
"Ele entendeu que o meu papel ali era institucional. Não existe aproximação, nem alinhamento. Existe atuação republicana", partilhou. "O fato de fazer um projeto em conjunto não significa alinhamento político, não significa alinhamento de ideias."
Porém, a relação dos dois políticos é repleta de rusgas. Em novembro do ano passado, quando Tarcísio revelou ser favorável a reforma da tributária, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confessou que a relação entre os dois estava estremecida e criticou a postura política do seu ex-ministro. "Não, não está tudo certo. Eu não mando no Tarcísio. É um baita de um gestor. Politicamente, dá suas escorregadas", disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
A reforma tributária foi o ápice das discordâncias entre os dois. Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e se elegeu governador como candidato do ex-presidente, apoiou a reforma desde o começo da tramitação e tentou persuadir o antigo chefe a acompanhá-lo.
Repercussão entre bolsonaristas
A troca de afagos entre o governador paulista e o presidente da República repercutiu também no meio bolsonarista. É o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que foi às redes sociais comentar o encontro dos dois políticos que trocaram elogios e se sentiram confortáveis no palanque. Segundo o parlamentar, Lula teria "inveja" de Tarcísio estar com Bolsonaro.
"Elogiar ministros de Bolsonaro é fácil, difícil é elogiar ministros de Lula. Triste era quando Jair Bolsonaro era presidente, ia a um Estado governado pelo PT e tiravam até a PM de sua segurança. Uma irresponsabilidade. Lula deve ter uma inveja danada de o Tarcísio ser Bolsonaro", escreveu o parlamentar no X, antigo Twitter.