Berlim, 9 set (EFE).- O polêmico economista Thilo Sarrazin pediu
nesta quinta-feira para ser substituído no seu cargo na direção do
Bundesbank, o banco central alemão, após a polêmica criada por sua
tese sobre o Islã, que muitas pessoas consideraram xenófobas e
racistas.
Segundo anunciou o Bundesbank, as partes chegaram a um acordo
para que Sarrazin deixe o cargo no fim do mês.
Por sua vez, o economista - autor do livro "A Alemanha se
Desintegra", no qual discorre sobre o suposto perigo de
'islamização' do país - disse: "pedi ao presidente (Christian Wulff)
que me libere do cargo de conselheiro do Bundesbank em 30 de
setembro"
"O conselho do Bundesbank retirou as acusações de que eu tinha me
expressado de maneira discriminatória contra estrangeiros", informou
Sarrazin, que acrescentou que sua saída foi acordada com os outros
membros do conselho do banco.
O economista indicou que a cronologia dos eventos teve grande
importância e que, segundo suas palavras, o Bundesbank primeiro
desfez as acusações, para depois, perante o presidente alemão,
retirar a solicitação de demissão. Foi só aí que ele pediu
afastamento do cargo.
Em seu livro, lançado na semana passada, Sarrazin prevê uma
decadência paulatina da Alemanha, devido à influência dos imigrantes
muçulmanos.
Além disso, sugere que os muçulmanos não forneceram nada à
sociedade alemã e que, pelo contrário, se limitaram a tirar proveito
do seu sistema social.
O economista atribui as dificuldades dos imigrantes muçulmanos em
entrar no mercado de trabalho alemão à falta de disciplina e
inteligência e chega a sugerir que isso é "hereditário".
Além disso, no panorama apocalíptico desenhado em seu livro, os
muçulmanos, por sua maior taxa de natalidade, se transformariam no
grupo majoritário na Alemanha.
Essas teses geraram irritação em todas as correntes políticas do
país, primeiramente no Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em
alemão), ao qual é filiado, embora, segundo diversas enquetes,
muitos cidadãos compartilhem de algumas de suas posições.
O SPD abriu um processo para expulsá-lo da legenda, e o
Bundesbank também havia solicitado ao presidente do país que
afastasse Sarrazin do seu cargo.
Um porta-voz do presidente alemão comunicou hoje que Wulff aceita
o pedido voluntário de retirada de Sarrazin. EFE