SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Braskem ampliavam queda na Bovespa no início da tarde desta quarta-feira, após reportagem no jornal Folha de S.Paulo trazer depoimentos no âmbito da Operação Lava Jato citando que a petroquímica teria pago propina para comprar matéria-prima mais barata da Petrobras entre 2006 e 2012.
Às 12h54, os papéis da petroquímica recuavam 17,45 por cento, a 11,35 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,6 por cento. Na mínima do pregão, o papel atingiu seu menor patamar desde julho de 2012, a 11,24 reais.
Conforme o texto da Folha, o doleiro Youssef disse que, em troca do suposto favorecimento, a companhia pagava em média 5 milhões de dólares por ano a ele e ao ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto da Costa.
A Braskem compra cerca de 70 por cento de seu nafta da Petrobras e importa o restante da matéria prima.
Procurada pela Reuters, a Braskem disse que todos os pagamentos e contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente e de acordo com as regras de governança das duas empresas.
Além disso, a Braskem ressaltou que os preços praticados pela Petrobras na venda de matérias primas nunca favoreceram a petroquímica e sempre estiveram "atrelados às referências internacionais mais caras do mundo, com notórios efeitos negativos para a competitividade da Braskem e da petroquímica nacional".
Em nota, analistas do Bradesco BBI afirmaram não ver clareza nas acusações, já que a Petrobras vende nafta à Braskem a preços internacionais, segundo uma média móvel de três meses.
"No entanto, o momento das acusações é infeliz, conforme a Petrobras e a Braskem renegociam seu contrato de nafta", escreveram os analistas.
As companhias anunciaram no fim de fevereiro um terceiro aditivo a um contrato de fornecimento de nafta em meio a um impasse sobre o preço da matéria-prima depois de não fecharem um acordo de longo prazo.
A Petrobras tem usado o nafta de suas refinarias na produção de gasolina, motivo pelo qual passou a importar o insumo para atender a Braskem, tentando repassar o custo à petroquímica, que contesta a prática.
Na terça-feira, a Petrobras afirmou que o valor estimado do aditivo ao contrato de fornecimento de nafta à petroquímica é de 5 bilhões de reais, considerando preço vigente e quantidades contratadas na prorrogação por seis meses do acordo.
(Por Paula Arend Laier e Priscila Jordão)