Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Eletrobras (SA:ELET3) recuavam cerca de 5% nesta sexta-feira, após a oferta de ações que privatizará a maior empresa de geração e transmissão de energia da América Latina.
Por volta de 13h36, os papéis ordinários cediam 5,64%, a 40,09 reais, e as preferenciais de classe B caíam 5,65%, a 40,10 reais, enquanto o Ibovespa perdia 1,68%.
A companhia precificou a oferta a 42 reais por ação, movimentando 29,29 bilhões de reais, na segunda maior operação do tipo do mundo em 2022 e a maior oferta de ações em 12 anos no Brasil, desde a capitalização da Petrobras (SA:PETR4) em 2010.
A montante incluiu uma oferta primária de 627.675.340 novas ações ordinárias emitidas pela empresa, através das quais o governo diluiu sua participação, e uma oferta secundária de 69.801.516 ações já detidas pelo BNDES.
Se considerado o lote suplementar de ações destinado à estabilização de preços, aumentando a oferta em 15%, o valor total da capitalização da Eletrobras sobe para 33,68 bilhões de reais.
De acordo com o analista Sidney Lima, da casa de análise Top Gain, recentemente houve movimento constante altista do preço das ações pela expectativa de que no processo de 'bookbuilding' da oferta saísse mais alto do que os 42 reais.
"Sendo assim, como esperado, muitos investidores que compram acreditando em um movimento altistas após a publicação do preço começaram a realizar suas posições, inflando assim esse movimento de venda", acrescentou.,
Ele ressaltou, porém, que isso explica a queda mais forte, mas "não é nada de pânico, e sim movimento de especulador".
Em 2022, os papéis ON ainda contabilizam alta em torno de 25% e as ações PNB sobem ao redor de 26%, enquanto o Ibovespa tem uma variação positiva de apenas 0,5%.
A demanda na operação foi forte, de quase 70 bilhões de reais, com a participação de investidores que incluíram fundos de pensão, investidores estatais, fundos de hedge e investidores de varejo, disse à Reuters ainda véspera uma fonte.
Na visão da Levante Investimentos, com o governo deixando de ser controlador, a expectativa é que a estrutura interna da Eletrobras mude bastante, "o que deverá se refletir em uma maior eficiência de sua operação e maior competitividade em seu negócio".
"Ademais, a companhia capitalizada poderá ainda realizar os investimentos necessários para a modernização de seus ativos, impulsionando, assim, o bom desempenho de sua operação e a sustentabilidade de seu negócio", afirmou em nota a clientes.