NOVA YORK (Reuters) - Advogados de investidores que esperam receber 3 bilhões de dólares após um acordo nos Estados Unidos com a estatal brasileira Petrobras (SA:PETR4) e seus auditores, por conta do escândalo de corrupção, devem cobrar quase 1 bilhão de reais em honorários, segundo um comunicado oficial.
Liderados pelo escritório de advocacia Pomerantz, em Nova York, os advogados que representam os investidores querem cobrar 285 milhões de dólares, o que equivaleria a cerca de 915 milhões de reais pelo câmbio desta sexta-feira, ou 9,5 por cento dos valores previstos no acordo.
Tanto os honorários quanto o acordo em si precisam ainda ser aprovados pelo juiz responsável pelo caso na Justiça norte-americana, Jed Rakoff.
A Petrobras anunciou em 3 de janeiro que irá pagar 2,95 bilhões de dólares para encerrar uma ação coletiva ("class action") movida por investidores nos EUA que alegaram que suas ações perderam valor como resultado de um enorme escândalo de corrupção na companhia descoberto pelas autoridades brasileiras.
Se aprovado, o acordo representará o maior pagamento já acertado junto a investidores nos EUA por uma empresa estrangeira, segundo a Pomerantz. Embora abaixo das estimativas de muitos analistas, o montante está entre os maiores valores já alcançados por uma "class action" na história dos EUA.
Por meio de um novo acordo divulgado na quinta-feira, os advogados do caso alcançaram 50 milhões de dólares adicionais junto aos auditores da Petrobras, a subsidiária brasileira da PricewaterhouseCoopers (PwC), levando o total obtido a 3 bilhões de dólares.
"Estávamos dispostos a colocar este assunto legal prolongado para trás, e um acordo foi a melhor maneira de conseguir isso", disse Márcia Avruch, porta-voz da PwC Brasil.
A Petrobras negou envolvimento em irregularidades e manteve um discurso de que foi vítima de corrupção de seus ex-executivos. A companhia disse em comunicado à Justiça na quinta-feira que ainda se reserva ao direito de buscar recuperar os recursos juntos aos ex-executivos e outros acusados de corrupção que não fizeram parte do acordo.
As acusações à Petrobras surgiram no âmbito da chamada Operação Lava Jato, que nos últimos quatro anos tem investigado casos de pagamento de propina entre fornecedores e executivos de estatais e políticos.
O acordo nos EUA colocou fim a uma "extremamente alta incerteza" sobre a potencial punição à Petrobras, disse o JP Morgan em nota a clientes em 3 de janeiro, adicionando que esperava um acerto na casa dos 5 bilhões de dólares. Analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) disseram que o mercado esperava um acordo de entre 5 bilhões e 10 bilhões de dólares.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse em 16 de janeiro que a companhia não considera fechar acordos com acionistas em outros países, a não ser que seja forçada a isso pela legislação.
(Por Brendan Pierson)