Por Shivani Singh e Colin Qian
PEQUIM (Reuters) - Pessoas de toda a China começaram a voltar ao trabalho nesta segunda-feira, após um feriado prolongado do Ano Novo Lunar, já que o governo amenizou as restrições impostas para combater o coronavírus, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que o número de casos fora da China pode ser só "a ponta do iceberg".
No domingo, o saldo de mortes da epidemia subiu para 908, todas menos duas na China continental, já que mais 97 fatalidades foram registradas – a maior cifra em um único dia desde que o surto foi detectado na cidade chinesa de Wuhan em dezembro.
O navio de cruzeiro Diamond Princess, que tem 3.700 passageiros e tripulantes a bordo, continua em quarentena no porto japonês de Yokohama, e 60 casos novos foram descobertos, o que eleva o número de casos confirmados na embarcação para 130.
No fronte econômico, ações e petróleo caíram nos mercados globais, e o ouro, um porto seguro, subiu.
Em toda a China continental, 3.062 novas infecções foram confirmadas no domingo, o que eleva o número total para 40.171, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde.
Wu Fan, vice-reitora da Escola de Medicina da Universidade Fudan de Xangai, disse que existe a esperança de que a propagação possa chegar a um ponto de inflexão em breve.
"A situação está se estabilizando", disse ela em um briefing quando indagada sobre a disseminação em Xangai, que já teve quase 300 casos e uma morte.
Mas o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou em Genebra que houve "instâncias preocupantes" de transmissão de pessoas que não estiveram em solo chinês.
"A detecção de um número pequeno de casos pode indicar uma transmissão mais generalizada em outros países; em suma, podemos estar vendo só a ponta do iceberg", disse.
O vírus se espalhou em ao menos 27 países e territórios, segundo uma contagem da Reuters baseada em relatórios oficiais, e infectou mais de 330 pessoas. As duas mortes ocorridas fora da China continental foram em Hong Kong e nas Filipinas.
A epidemia vem causando grandes transtornos na China, onde metrópoles normalmente apinhadas se transformaram em verdadeiras cidades-fantasma depois que os líderes do Partido Comunista ordenaram interdições, cancelaram voos e fecharam fábricas e escolas.
(Reportagem adicional de Sophie Yu, Ryan Woo, Huizhong Wu, Liangping Gao, Stella Qiu, Brenda Goh in Pequim, Stephanie Nebehay em Genebra, Joyce Lee e Hyunjoo Jin em Seul, Kylie MacLellan em Londres e Jessica Jones em Madri)