Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve lutou com a possibilidade de acenar à volatilidade do mercado financeiro e ao enfraquecimento da economia global em seu comunicado de política monetária no mês passado, mas optou por não fazê-lo por preocupação que poderia enviar um sinal indesejado de pessimismo injustificado.
A ata da reunião de 28 e 29 de outubro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada nesta quarta-feira, também sinalizou um debate vigoroso entre os diretores sobre quanto peso dar aos sinais de que as expectativas de inflação estavam diminuindo, potencialmente minando seus esforços para trazer o ritmo de aumento de preços de volta à meta.
"Muitos participantes observaram que o comitê deveria permanecer atento à evidência de uma possível mudança para baixo nas expectativas de inflação de longo prazo", segundo a ata. "Alguns destacaram que se esse resultado ocorresse, seria ainda mais preocupante se o crescimento mostrasse fraqueza".
"O texto sugeriria pessimismo maior," disse o diretor de estratégia de mercado da Newedge, Robbert Van Batenburg. "Eles não quiseram criar medos."
O comunicado do Fed divulgado após a reunião relevou amplamente as turbulências do mercado em meados de outubro e o crescimento enfraquecido em outras economias desenvolvidas. O banco central reafirmou a confiança de que a economia dos EUA continuará progredindo.
Mas a ata reflete uma discussão complexa. A equipe do Fed cortou sua estimativa para o crescimento dos EUA no curto prazo e integrantes do banco central debateram tanto o impacto da desaceleração do crescimento em outros países e os limites possíveis sobre a capacidade de responder, se necessário.
Um núcleo sólido de autoridades disse que o Fed precisava permanecer vigilante de que as expectativas públicas e do mercado sobre a inflação poderiam ainda caminhar para baixo --uma possibilidade preocupante que poderia aumentar as chances de um danoso período de estagnação ou até mesmo de deflação. O ritmo fraco da inflação se tornou uma preocupação central nos EUA e em outros bancos centrais.
Ao avaliar a volatilidade do mercado em outubro e os temores renovados de deflação na Europa, o Fed decidiu que o melhor a fazer era minimizar as possíveis consequências.
Mencionar a queda nos mercados, por exemplo, "arriscava a possibilidade de sugerir uma maior preocupação por parte do comitê do que era realmente o caso", segundo a ata. Um debate semelhante circulou o enfraquecimento das economias na Europa, no Japão e na China.
A próxima reunião do Fed acontece em dezembro, quando os diretores vão apresentar projeções econômicas atualizadas.
A ata indicou que o Fed manteve longas discussões sobre a manutenção da linguagem de que manteria as taxas de juros baixas por um "tempo considerável", com preocupações de que removê-la poderia indicar um aumento de juros iminente, enquanto deixá-la poderia ignorar melhorias no crescimento da economia e no mercado de trabalho dos EUA.
Os mercados financeiros esperam que o Fed aumente as taxas de juros em setembro do próximo ano. O banco central tem mantido os juros perto de zero desde o fim de 2008.