RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Embraer e a sueca Saab esperam concluir ainda no primeiro semestre deste ano uma modelagem de negócio que possa viabilizar a criação de um pólo exportador de aeronaves de combate no Brasil a partir de 2023, afirmou nessa terça-feira o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider.
Segundo ele, há um potencial de negócios para os dois países que justificaria a possibilidade de criação dessa base exportadora no Brasil.
"Existem conceitos que são comuns; nós temos venda mais ativa no âmbito da América Latina e em alguns países da África e a Suécia, por sua vez, tem facilidade de venda na comunidade européia e países já clientes do (caça) Grippen", disse o executivo da Embraer a jornalistas durante a feira de equipamentos militares Laad, no Rio de Janeiro.
"O modelo de negócio em si estamos definindo o seu desenho final. Devemos ter algo pronto até o fim do primeiro semestre. A ideia é explorar a força das duas empresas de forma mais ativa e que ambas possam comercializar e produzir o Grippen", disse Schneider.
O Brasil acertou no ano passado a compra de 36 caças Grippen da Saab em uma licitação avaliada em cerca de 5,4 bilhões de dólares. O primeiro avião de combate deve ser entregue em 2018 e a primeira parte da encomenda deve ser concluída a partir de 2023.
A Saab já teria, de acordo com Schneider, parceiras nesse modelo de exportação que vem sendo definido com o Brasil em outros seis países. "Temos um potencial, mas o difícil é fazer uma perspectiva em termos de números", frisou ele.
Presente a uma solenidade de assinatura de contrato entre Saab e Embraer de cooperação tecnológica, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner afirmou que espera que no futuro o mundo possa conhecer um caça sueco-brasileiro.
"A Embraer vai ter muito a contribuir com a Saab (...) espero que suecos e brasileiros possam se olhar como parceiros", disse Wagner.
CARGUEIRO
Sobre o cargueiro KC 390, o maior avião já desenvolvido no Brasil que está sendo montado pela Embraer, Schneider afirmou que ao longo da Laad deve se reunir com cerca de 40 delegações de potenciais interessados na aeronave.
"Temos negociações e na área de defesa só se anuncia quando assinado", disse Schneider.
A Embraer tem paralelamente outras 10 campanhas de venda em andamento esse ano do avião militar Super Tucano, de acordo com o executivo. Mais de 200 aeronaves desse tipo já foram vendidas e mais de 190 unidade entregues.
Com relação a dívidas do governo federal com a Embraer, que acabaram por impactar o resultado da fabricante de aviões, Schneider disse que o assunto está sendo discutido e que não há uma data para uma solução.
"Estamos conversando com expectativa positiva que isso possa se normalizar. Há atrasos importantes e estamos conversando com o cliente (governo federal) no sentido de buscar uma normalização no fluxo de pagamentos e, eventualmente, dependendo do projeto, uma adequação do projeto ao fluxo de pagamento", disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança.
(Por Rodrigo Viga Gaier)