América Latina tem “tribunais secretos” de censura, diz Zuckerberg

Publicado 07.01.2025, 13:12
Atualizado 07.01.2025, 13:40
© Reuters.  América Latina tem “tribunais secretos” de censura, diz Zuckerberg
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O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, afirmou que os países da América Latina têm “tribunais secretos” que acionam as mídias sociais para excluírem conteúdos discretamente. A fala foi proferida durante o anúncio desta 3ª feira (7.jan.2025) de que a empresa acabará com o sistema de checagem de fatos do Instagram e Facebook (NASDAQ:META).

Zuckerberg anunciou que adotará o sistema de notas da comunidade similar ao modelo implementado por Elon Musk quando adquiriu o X (ex-Twitter). O empresário afirmou que esta medida visa a diminuir a “censura” e aumentar a “liberdade de expressão” das pessoas.

“Os Estados Unidos possuem a mais forte proteção constitucional para liberdade de expressão do mundo. A Europa tem cada vez mais leis que institucionalizam a censura, tornando muito difícil a inovação lá. Países da América Latina têm ‘tribunais secretos’ que podem ordenar que empresas silenciosamente retirem conteúdos das plataformas”, declarou.

O CEO disse que vai dialogar com o presidente eleito nos EUA Donald Trump (Republicano) para tentar impedir que conteúdo de empresas americanas seja censurado em outros países por violar regulamentações locais sobre redes sociais.

Assista (5min36):

Zuckerberg cita as eleições de 2016, que marcaram a 1ª vez que Trump chegou ao poder nos Estados Unidos.

“Depois que Trump foi eleito, a mídia tradicional falou sem parar sobre como a desinformação era uma ameaça à democracia. Nós tentamos, de boa fé, tentar lidar com essas preocupações sem nos tornar os juízes da verdade. Mas os checadores de fatos se tornaram muito politicamente parciais e destruíram a confiança criada neles, especialmente nos Estados Unidos. Por isso, nos próximos meses, vamos adotar um sistema de notas da comunidade, que é mais abrangente”, disse Zuckerberg.

O fundador do Facebook também falou sobre as discussões sobre temas políticos e sociais, como identidade de gênero e imigração. Zuckerberg questionou o motivo de esses temas serem discutidos amplamente no Congresso, mas serem “censurados” nas redes sociais.

Afirmou que os filtros utilizados pelos checadores de fatos são “muito sensíveis” e derrubavam das plataformas postagens de “pessoas inocentes”. Ele admitiu que a remoção desses filtros fará com que menos conteúdo abusivo seja removido, mas disse que haverá mais assertividade na censura de conteúdo inapropriado ou que viole as regras das plataformas.

“Esses filtros cometem erros e derrubam muito conteúdo que não deveria ser derrubado. Retirando-os, vamos reduzir drasticamente a quantidade de censura em nossas plataformas”, disse.

Em comunicado publicado no site da Meta, a empresa justifica a decisão com a necessidade de garantir maior espaço para indivíduos e retirar o “poder de decisão” de organizações que eram responsáveis pelas checagem de fatos. A medida passa a valer primeiro nos Estados Unidos, mas a plataforma garantiu que será expandida para outros países nos próximos meses.

BRASIL E STF

A Meta e outras empresas de tecnologia tiveram várias reuniões com o STF (Supremo Tribunal Federal) e com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em anos recentes. Prometeram aos magistrados que teriam uma política rígida de controle de informações falas e potencialmente ofensivas à democracia.

Não está claro ainda como a mudança agora anunciada por Mark Zuckerberg será recebida pelas Cortes de Justiça no Brasil, sobretudo pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, crítico das redes sociais e relator do chamado inquérito das fake news.

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