Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras já pode produzir diesel na Refinaria do Nordeste (Rnest), após autorizações para operações de unidades concedidas nesta quinta-feira, afirmou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Com o início da produção na refinaria, em Pernambuco, a Petrobras poderá finalmente aumentar a produção nacional do combustível, o que vai ajudá-la a reduzir importações de diesel, o principal produto da Rnest, que também fabricará outros derivados de petróleo.
A capacidade adicional para produção de diesel da Petrobras vem num momento em que a companhia está vendendo o combustível no Brasil com um prêmio ante o mercado externo, em grande parte por causa da queda acentuada dos preços do petróleo, após quatro anos de vendas domésticas com defasagem ante as cotações internacionais.
Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em 1º de dezembro, o preço do diesel vendido às distribuidoras nas refinarias nacionais estava 14,5 por cento acima do preço praticado no Golfo do México.
A estatal afirmou à Reuters por e-mail, na terça-feira, que planeja entrega de produtos oriundos da Rnest ainda neste mês.
Uma fonte do mercado afirmou à Reuters que a Petrobras está propondo às distribuidoras a entrega de um lote de diesel S10 da Rnest ainda para dezembro, com volume ainda por confirmar, em operação que deverá servir para testar a infraestrutura local.
POLÊMICAS
A ANP publicou nesta quinta-feira, no Diário Oficial da União (DOU), novas autorizações para operação da Rnest, que seria inicialmente uma parceria com a estatal venezuelana do petróleo PDVSA, que não chegou a ser concretizada.
As autorizações de quinta-feira, segundo a assessoria de imprensa da ANP, são as que permitem que a estatal produza diesel no local.
Procurada, a Petrobras não comentou o fato de ter sido autorizada a produzir diesel na Rnest nesta quinta-feira.
Em nota ao final da tarde, a Petrobras reiterou que o processo de entrada em operação da Rnest começou em 19 de novembro, com a gaseificação da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), seguida da admissão de petróleo na unidade alguns dias depois.
A Petrobras disse ainda que acendeu na quarta-feira os fornos da UDA. "Esta nova etapa do processo de entrada em operação da Rnest consiste em aquecer e fracionar o petróleo para a posterior produção de derivados", disse a empresa.
O plano de negócios da companhia previa para novembro a entrada em operação da polêmica refinaria, que custou cerca de 18,5 bilhões de dólares, muito mais do que o orçado inicialmente, o que gerou uma série de investigações de diversas autoridades.
As obras da refinaria são, inclusive, foco da operação Lava Jato, da Polícia Federal.
CARGA LIMITADA
Segundo a autorização da ANP publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, que entrou em vigor na data da publicação, a carga processável na refinaria ficará limitada a 11.765 metros cúbicos/dia (64 por cento da capacidade nominal), até que a Unidade de Abatimento de Emissões (SNOX) esteja em perfeito funcionamento, conforme exigência da Licença de Operação emitida pela Agência Estadual de Meio Ambiente.
Antes, a carga processável autorizada pela ANP estava limitada a 39 por cento da capacidade nominal.
A primeira unidade de refino da Rnest tem capacidade de processamento de petróleo de 115 mil barris por dia. A segunda, com a mesma capacidade, devem entrar em operação apenas em 2015.
O órgão regulador ainda autorizou, segundo a publicação desta quinta-feira, a operação de vários tanques: de petróleo, diesel, nafta, de resíduos, entre outros.
(Com reportagem adicional e edição de Roberto Samora)