Por Victoria Waldersee
BERLIM (Reuters) - A Porsche só voltará atrás na decisão de realizar um IPO em caso de graves problemas geopolíticos que fariam a importância de uma listagem diminuir comparativamente, disse o diretor financeiro da marca de carros esportivos nesta terça-feira.
"Você nunca sabe o que vai acontecer em relação a questões geopolíticas, mas se um potencial IPO (oferta pública inicial de ações) for interrompido agora, estamos falando de problemas graves", disse Lutz Meschke a jornalistas.
A Volkswagen (ETR:VOWG) deu sinal verde para um IPO da Porsche AG na noite de segunda-feira, após meses de deliberação, mas alertou que o movimento ainda está sujeito às condições de mercado.
Em uma conferência nesta terça-feira, Oliver Blume, presidente-executivo da Volkswagen e da Porsche, disse que a listagem pode ajudar a reviver os mercados de capitais atingidos pela desaceleração do crescimento global.
"Há muito capital no mercado", disse Blume. "Achamos que o IPO da Porsche pode ser um quebra-gelo."
Os investidores estimam uma avaliação da Porsche AG entre 60 bilhões e 85 bilhões de euros.
Os executivos da Volkswagen e da Porsche não comentaram sobre a avaliação esperada e afirmaram apenas acreditar que a Porsche seria atraente para os investidores, mesmo em tempos tão turbulentos.
"Se uma empresa é capaz de ter sucesso nessas difíceis condições de mercado, é a Porsche", disse Meschke.
A Porsche teve lucro operacional 22% maior no primeiro semestre do ano, enquanto a marca Volkswagen registrou queda de 8%.
Blume, quando questionado sobre como os conflitos de interesse --ele permanecerá como presidente de ambas as empresas mesmo após uma listagem-- seriam tratados, disse que o conselho executivo da Porsche AG terá autoridade para tomar decisões "100% por conta própria".
Por volta de 11h40 (horário de Brasília), as ações da Volkswagen subiam cerca de 3,3%.
"Como alguns já temiam o cancelamento do IPO, neste momento, é um claro alívio", disse Frank Schneider, trader da Alpha Wertpapierhandels em Frankfurt, sobre a decisão de dar aval ao IPO.
(Reportagem adicional de Danilo Masoni, em Milão)