Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - Após ter seu resultado operacional pressionado pela queda dos preços da celulose no segundo trimestre, a Fibria afirmou ver chance de um aumento até o final do ano, apesar da maior capacidade produtiva mundial da commodity, uma vez que o insumo teria chegado ao "fundo do poço".
A maior produtora de celulose de eucalipto do mundo teve baixa anual na geração de caixa de abril a junho, prejudicada em parte pela queda de 4 por cento do preço líquido da celulose em reais, e espera competição siga intensa nos próximos meses.
Mas a empresa previu que a manutenção do bom comportamento das vendas para China e a retomada da demanda no mercado europeu a partir de agosto devem coincidir com paradas de manutenção do setor programadas para o terceiro trimestre, contribuindo para a estabilidade dos fundamentos do mercado.
Nesse contexto, a empresa vê chance de aumento de preço, mesmo com a entrada de novas fábricas em operação.
"As novas capacidades vão dificultar aumentos, mas não vamos deixar de tentar. Novas fábricas não vão chegar com capacidade até o final do quarto trimestre, ou no início que vem, então temos espaço para aumentos", disse o diretor comercial e de logística internacional da Fibria, Henri Philippe Van Keer.
Segundo ele, o preço da celulose não deve ficar abaixo do patamar atual, porque outras companhias não vão conseguir vender o insumo abaixo do custo de produção. Embora não tenha precisado o período que um aumento de preço pode se sustentar, Van Keer disse ser possível que "a demanda absorva as novas capacidades mais do que imaginamos".
A Fibria teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 594 milhões de reais no segundo trimestre, queda anual de 8 por cento. O resultado veio praticamente em linha com a expectativa média de analistas, de Ebitda de 588,4 milhões de reais, segundo pesquisa Reuters.
A produtora de celulose apresentou lucro líquido de 631 milhões de reais no período, ante prejuízo de 593 milhões de reais no mesmo intervalo em 2013. A previsão de analistas apontava lucro de 547,2 milhões de reais, em média.
A última linha refletiu o impacto positivo de 568 milhões de reais com os Benefícios Fiscais e Programas Especiais de Exportação (Befiex) e o menor impacto de despesas financeiras provenientes das operações de recompra de títulos de dívida da companhia.
Desconsiderando esses efeitos, a Fibria teria tido lucro de cerca de 139 milhões de reais no trimestre.
A empresa produziu 1,271 milhão de toneladas de celulose no período, volume 1 por cento menor ante o segundo trimestre de 2013 e estável sobre o início deste ano. Já as vendas subiram 5 por cento na comparação anual e 12 por cento na trimestral, a 1,334 milhão de toneladas, com o aumento das vendas para a Ásia.
O grupo fechou junho com dívida líquida de 6,68 bilhões de reais, queda anual de 19 por cento. O caixa subiu 6 por cento, a 1,78 bilhão de reais. A alavancagem ligada à verificação de métricas de endividamento passou de 3 vezes a dívida líquida sobre Ebitda para 2,4 vezes.
Às 13h39, a ação da Fibria tinha a maior alta do Ibovespa, de 3,97 por cento, a 21,74 reais.