A Apple (NASDAQ:AAPL) perdeu cerca de US$ 200 bilhões em valor de mercado nos últimos dias, depois que as tensões entre os EUA e a China aumentaram por conta das críticas levantadas por Pequim sobre o uso de iPhone por funcionários públicos. As ações da Apple caíram 3% na quinta-feira, 7, e estão em queda de mais de 5% na semana.
A proibição foi relatada pela primeira vez pelo jornal americano Wall Street Journal, dizendo que a China está ordenando que os funcionários das agências do governo central não usem iPhones ou outros telefones de marcas estrangeiras. Nenhuma das fontes ouvidas pelo jornal quis ser identificada. O jornal britânico Financial Times também citou seis pessoas familiarizadas com o assunto em instituições governamentais e empresas estatais, incluindo uma empresa de tecnologia nuclear e um hospital, dizendo que foram instruídas a parar de usar telefones da Apple.
"Pequim está procurando reduzir sua dependência da tecnologia dos EUA, mas isso (a proibição) funciona como um vento contrário significativo para a Apple, já que a China é seu maior mercado internacional e responde por cerca de 20% de suas receitas", disse Victoria Scholar, chefe de investimentos da interactive investor, uma plataforma de investimentos do Reino Unido.
A Apple não respondeu a um pedido de comentário até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.
Quando perguntado sobre a proibição em uma reunião diária em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, não comentou diretamente, dizendo apenas que "produtos e serviços de qualquer país são bem-vindos para entrar no mercado chinês, desde que estejam em conformidade com as leis e regulamentações chinesas".
Clima tenso
As tensões entre os EUA e a China têm aumentado e, no início do mês passado, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para impor bloqueios e regulamentações sobre os investimentos em alta tecnologia dos EUA na China, refletindo a intensificação da concorrência entre as duas maiores economias do mundo.
Autoridades da Casa Branca disseram que Biden, que partiu na noite de quinta-feira, 7, para Nova Delhi, usará a cúpula anual do G20 como uma oportunidade para os EUA destacarem uma proposta para países em desenvolvimento e de renda média que aumentaria o poder de empréstimo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em cerca de US$ 200 bilhões.
Biden procura enfatizar que os Estados Unidos e seus aliados com ideias semelhantes são melhores parceiros econômicos e de segurança do que a China.
Lançamento
A proibição do iPhone vem em um momento ruim para a Apple, que está se preparando para o lançamento de seu mais recente produto na próxima terça-feira, 12 de setembro, quando deverá apresentar seu novo smartphone, o iPhone 15.
Um teaser da transmissão ao vivo do evento, batizado de "Wonderlust", foi postado no YouTube, sem revelar detalhes. Há relatos de que grandes mudanças estão reservadas para o iPhone, incluindo uma mudança do conector Lightning para o plugue USB-C, em parte em resposta a uma exigência da União Europeia.
A Apple também enfrenta uma ameaça da gigante chinesa da tecnologia Huawei, que lançou recentemente seu smartphone carro-chefe, o Mate 60 Pro.
O telefone tem potência e velocidade suficientes para rivalizar com o iPhone, de acordo com testes encomendados pela agência de notícias Bloomberg, e está sendo vendido rapidamente na China. A Huawei tem sido discreta em relação ao dispositivo, mas seus recursos levantaram preocupações de que a China tenha conseguido contornar as restrições impostas pelos EUA, que a impedem de adquirir componentes de alta tecnologia, como chips de processadores avançados, o que efetivamente prejudicou seu negócio de smartphones. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)