Por Jorge Iorio e Walter Bianchi
BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina foi forçada a usar recursos desembolsados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para honrar vencimentos de dívida, afirmou um porta-voz do Tesouro do país nesta quinta-feira, ressaltando esforços de Buenos Aires para evitar uma situação de default.
O governo argentino usou 1,9 bilhão de dólares em recursos do FMI para pagar títulos de dívida de curto prazo denominados em dólares chamados Letes e títulos em moeda local (Lecaps), assim como dívidas com credores argentinos e bancos regionais de desenvolvimento, afirmou o porta-voz.
O dinheiro utilizado integrava tranche de 7,2 bilhões de dólares recebida em junho do ano passado como parte do maior acordo de financiamento "standby" já acertado com o FMI. A tranche tinha objetivo preventivo e de apoio às reservas do país.
A Argentina está enfrentando uma grande crise de dívida depois de forte desvalorização do peso que forçou o presidente Mauricio Macri a lançar planos de adiamento de pagamentos sobre cerca de 100 bilhões de dólares em dívidas.
"Esses recursos são parte do empréstimo acertado com o FMI...direcionados a reforço orçamentário, como intenção de precaução" afirmou o porta-voz.
A Argentina acertou um acordo de 50 bilhões de dólares como FMI em junho do ano passado que foi elevado para 57 bilhões em outubro. Na época o FMI disse que a Argentina não trataria mais os fundos como medida de precaução, como era a intenção original.
A Argentina está negociando com o fundo a liberação de uma porção de 5,4 bilhões de dólares dos recursos. A decisão tem sido adiada diante da turbulência econômica do país ante a eleição presidencial prevista para este mês.
"Enquanto as negociações continuam com o FMI sobre a quinta revisão do acordo de standby e sobre o novo desembolso, o governo está usando seus recursos para cumprir vários compromissos orçamentários e financeiros", afirmou o porta-voz do Tesouro, pedindo para não ser identificado pelo nome.
O apoio do FMI é fundamental para a Argentina, que está lidando com inflação em alta e uma desvalorização cambial que fez o peso perder cerca de um terço de seu valor este ano.
Representantes do FMI vão se reunir com autoridades argentinas, incluindo o ministro do Tesouro, Hernan Lacunza, neste mês.