Judith Mora
, 9 jun (EFE).- O HSBC Holdings (LONDON:HSBA), o maior banco da Europa, anunciou nesta terça-feira uma reconstrução global em massa que contempla um aumento de sua presença na Ásia, a saída quase total do Brasil e Turquia e o corte de cerca de 50 mil empregos para 2017 a fim de reduzir custos.
Em um anúncio feito em Hong Kong, onde foi fundado em 1865, e em Londres, onde atualmente tem sua sede, a entidade dirigida por Stuart Gulliver precisou seu objetivo de conseguir uma economia anual de US$ 5 bilhões para restabelecer o crescimento.
Com a meta de melhorar seu rendimento, o banco procura reduzir seu tamanho global, vendendo a maioria de suas operações na Turquia e Brasil, onde não consegue competir com seus rivais.
Ao mesmo tempo, o banco planeja aumentar sua presença na Ásia, especialmente no sudeste e na China, onde prevê intensificar a expansão da gestão de ativos e seguros no Delta do Rio da Pérola, além de potenciar a internacionalização do iuane, segundo indicou hoje.
A saída da Turquia e Brasil -onde possivelmente manterá os serviços a seus melhores clientes- se traduzirá em cerca de 25 mil demissões, que se somam a outras 25 mil em outros países (oito mil no Reino Unido), de um quadro de cerca de 260 mil pessoas.
"Devemos reconhecer que o mundo está mudando e nós devemos mudar com ele", declarou Gulliver ao confirmar a "significativa reforma" do negócio.
"Estou convencido de que nossos atos nos permitirão capturar as esperadas oportunidades de crescimento futuro e oferecer mais a nossos acionistas", afirmou.
As demissões anunciadas hoje se somam às 40 mil já aplicadas pelo banco entre 2011, quando Gulliver assumiu as rédeas, e em 2013, que não conseguiram alcançar os objetivos de rentabilidade esperados.
Dominic Hook, porta-voz do sindicato Unite -que representa os funcionários- lamentou que, "após os escândalos dos últimos anos, a força de trabalho deva sofrer mais uma vez e pagar pelos erros de outros com seus empregos, suas condições e sua reputação".
O HSBC foi acusado nos últimos anos de lavagem de dinheiro, manipulação das taxas de juros interbancário e dos mercados de divisas e venda indevida de produtos financeiros.
Na quinta-feira, sua filial suíça acordou pagar 40 milhões de francos (US$ 43 milhões) às autoridades desse país para que arquivem uma investigação sobre seus serviços a supostos evasores de impostos e criminosos com contas opacas, revelados pelo ex-funcionário Hervé Falciani.
O novo plano estratégico anunciado hoje procura conseguir um rendimento sobre o patrimônio líquido de mais de 10% em 2017, e inclui a eliminação de ativos de risco no valor de US$ 290 bilhões -reduzindo significativamente o tamanho de seu departamento de bancos de investimento- e o fechamento de 12% de suas filiais no mundo.
O banco, que investirá cerca de US$ 4,5 bilhões em dois anos para implementar a reestruturação, estuda além disso situar sua sede em outro país, e para isso avaliará fatores como o entorno financeiro, apoio do governo, a regulação E a estabilidade.
Visto seu enfoque para a Ásia, os analistas acreditam que o terceiro banco global poderia se instalar em Hong Kong, o que suporia um revés para a City of London, centro financeiro da Europa.
Quanto a suas operações no Reino Unido, Gulliver confirmou que se reduzirão aos bancos comerciais, com uma nova sede em Birmingham em 2019 e uma mudança de nome de seus escritórios.
A regulação britânica de prevenção de crise financeiras obrigou a entidade a separar suas operações no varejo dos bancos de investimento, de mais risco, antes do final de 2019.
As medidas anunciadas hoje são para tentar readquirir a confiança dos investidores depois dos escândalos dos últimos tempos.