PARIS (Reuters) - O governo da França irá levar adiante planos polêmicos para destituir cidadãos da dupla cidadania em casos de terrorismo, declarou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, nesta quarta-feira, descartando os temores da ministra da Justiça do país.
A decisão foi duramente criticada por aliados esquerdistas do governo socialista. Também surgiram clamores da direita para que a ministra, Christiane Taubira, renuncie, já que ela se opôs publicamente à medida.
Depois que atiradores e homens-bomba mataram 130 pessoas em Paris em 13 de novembro, o presidente francês, François Hollande, solicitou a medida como parte de uma emenda constitucional com o objetivo de intensificar a luta contra o terrorismo.
Na terça-feira, Christiane disse que a medida havia sido retirada da proposta de emenda e que ela apresentava problemas fundamentais no tocante ao direito de se obter cidadania francesa com base no local de nascimento.
Ao revelar a proposta nesta quarta-feira, Valls defendeu a medida afirmando que será limitada unicamente a pessoas condenadas por acusações de terrorismo e aplicada depois de elas cumprirem suas penas.
Ao falar na mesma entrevista coletiva, Christiane acabou com as especulações sobre sua renúncia: "No atual estado de coisas, minha presença ou ausência do governo não é o que importa, é a capacidade do presidente e do governo de lidar com os perigos que enfrentamos."
Atualmente, só cidadãos naturalizados podem perder a cidadania francesa. Estender a medida para todos os detentores de dupla cidadania dividiu os políticos de esquerda e direita.
(Por Leigh Thomas; com reportagem adicional de Sophie Louet, Gérard Bon e Marine Pennetier)