Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) está fortemente empenhada em cumprir sua meta bilionária de desinvestimentos, mas o processo será conduzido de forma seletiva para não afetar a sustentabilidade e a geração de caixa futura da companhia, afirmaram executivos da petroleira nesta sexta-feira, após anúncio de venda da participação da estatal no bloco exploratório BM-S-8 à norueguesa Statoil por 2,5 bilhões de dólares.
A transação, definida pelo diretor financeiro Ivan Monteiro como "espetacular", foi motivada pelos elevados investimentos que o bloco demandaria até a entrada em produção, prevista para após 2020, o que evidencia a estratégia da companhia de rever seu portfólio de ativos com prioridade para a manutenção daqueles que podem agregar reservas ou geração de caixa para a companhia no curto prazo.
A petroleira, que tem realizado diversos anúncios de negociações ou conclusões de vendas de ativos nos últimos dias, também está fortemente empenhada em transmitir uma mensagem de que será capaz de cumprir a meta de desinvestimentos para o ano.
"Fizemos em pouco mais de três dias úteis quatro anúncios... e hoje essa espetacular transação. Precisamos aumentar a previsibilidade do que a Petrobras faz, a confiabilidade de que a Petrobras faz, do que declaramos como meta e objetivos com o que entregamos", afirmou Monteiro a jornalistas.
"Esse conjunto de operações que estamos trabalhando em paralelo vai nos permitir cumprir ao final do ano a meta."
Na quarta-feira, a Petrobras anunciou a conclusão da venda da totalidade de sua participação na Petrobras Argentina (PESA) para a Pampa Energía, com o pagamento de 897 milhões de dólares.
Na quinta-feira, a diretoria executiva da Petrobras aprovou a condução de negociações exclusivas com a mexicana Alpek para a venda de sua participação na Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe).
A Petrobras tem como meta venda de ativos de pouco mais de 14 bilhões de dólares em 2016.
ESTRATÉGIA
A diretora da Exploração e Produção, Solange Guedes, disse que a companhia está fazendo um trabalho muito forte de revisão de seu portfólio, e que a venda da fatia no bloco BM-S-8, no pré-sal da Bacia de Santos, mostra um pouco da estratégia por trás dessa reavaliação.
"A estratégia que a Petrobras está operando... ela potencializa, prioriza ativos com forte geração de caixa no curto prazo e que não pressionem ainda mais a nossa alavancagem financeira. Nosso diretor financeiro é extremamente zeloso e cauteloso nas decisões, para que a gente possa valorizar uma visão integrada da companhia, desalavancar a companhia e ao mesmo tempo preservar uma visão de futuro, de sustentabilidade para a companhia no longo prazo", afirmou.
Segundo ela, o bloco vendido à Statoil, adquirido em 2000, ainda não agregava produção nem reservas, por estar em fase exploratória, e ainda demandaria elevados investimentos.
A diretora também afirmou que a área, no pré-sal da Bacia de Santos, também possui características específicas, que demandam equipamentos diferentes dos que a Petrobras utiliza em outros campos, além de possuir custos entre 25 e 30 por cento mais altos que outros empreendimentos da companhia.
"Nossa estratégia de gestão de portfólio também tem outros atributos... a Petrobras tem construído um portfólio muito localizado no Sudeste do Brasil, isso dá uma vantagem de uma infraestrutura logística importante. Um diferencial competitivo que a empresa tem, e nós estamos priorizando ativos que alavanquem a escala dessa infraestrutura, que alavancam nossa política de padronização de projetos, de equipamentos", afirmou.
Ela ainda ressaltou que faz sentido buscar vendas de ativos que reduzam a necessidade de investimentos no médio prazo e ainda possam gerar caixa sem comprometer as reservas ou a produção da companhia.
(Por Luciano Costa)