Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - Donald Trump assumiu o poder como o 45º presidente dos Estados Unidos na sexta-feira e prometeu acabar com a "carnificina americana" de problemas sociais e econômicos em um discurso inaugural que foi um clamor populista e nacionalista.
Traçando uma desoladora visão do país, ele disse que os EUA estavam repletos de fábricas desativadas, crime, gangues e drogas, culpando indiretamente seus antecessores na Casa Branca por políticas que ajudaram aqueles no poder em detrimento das famílias que se esforçam duramente.
“Deste momento em diante, será América Primeiro”, disse o republicano a centenas de milhares de pessoas que se reuniram na Esplanada Nacional, após ele ter prestado juramento perante o edifício do Congresso norte-americano e assumido no lugar do democrata Barack Obama.
Uma multidão, aparentemente menor do que às que compareceram às duas posses de Obama, acompanhou a cerimônia, enquanto aconteciam alguns protestos contra Trump espalhados por Washington.
“Toda decisão sobre comércio, sobre impostos, sobre imigração, sobre relações exteriores será feita para o benefício de trabalhadores americanos e famílias americanas”, disse Trump. "Esta carnificina americana para aqui e agora."
Trump, de 70 anos, assume um país dividido após uma difícil e polêmica campanha eleitoral em 2016. A visão sombria sobre os ele frequentemente pinta sobre os EUA é desmentida por estatísticas mostrando baixos níveis de desemprego e crime em nível nacional, embora Trump tenha ganho muitos votos em partes da nação onde a indústria de transformação quase desapareceu.
Rico empresário de Nova York e ex-estrela de reality show, ele colocará o país em um novo e incerto caminho tanto doméstica quanto internacionalmente.
O discurso de aceitação de Trump revisitou os temas de discursos em comícios de campanha que ele fez antes de uma inesperada vitória em 8 de novembro sobre a democrata Hillary Clinton, que foi à cerimônia com seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
Sob pressão para unir o país após a polarizada disputa eleitoral, Trump disse que, por meio da fidelidade aos Estados Unidos, “nós vamos redescobrir nossa lealdade uns aos outros” e pediu por um “novo orgulho nacional” que ajudaria a curar as divisões.
No exterior, Trump indicou a possibilidade de uma abordagem mais agressiva contra militantes do Estado Islâmico do que a adotada por seu antecessor, o democrata Barack Obama.
“Nós vamos reforçar velhas alianças e formar novas, e unir o mundo civilizado contra o terrorismo radical islâmico, que vamos erradicar completamente da face da terra”, disse ele.
Após repetir o juramento de 35 palavras, Trump abriu seus braços e abraçou sua esposa, Melania, e outros membros de sua família. Os canhões cerimoniais então dispararam as salvas.
A transição de um presidente democrata para um republicano aconteceu perante uma multidão que incluía outros ex-mandatários, dignitários e centenas de milhares de pessoas na Esplanada Nacional. A multidão se concentrou a oeste, em um dia frio e de chuvas ocasionais.
Longe do Capitólio, ativistas mascarados corriam pelas ruas quebrando janelas de uma lanchonete McDonalds, uma cafeteria do Starbucks e uma churrascaria a alguns blocos da Casa Branca.
Eles carregavam bandeiras anarquistas e sinais que diziam “Juntem-se à resistência, lutem agora.” A polícia usou spray de pimenta e perseguiu os manifestantes em uma grande avenida da cidade.
Em outro local, não muito longe da Casa Branca, manifestantes também entraram em confronto com a polícia, chegando a jogar cadeiras de alumínio na porta de um café contra policiais.
Os ex-presidentes George W. Bush e Jimmy Carter estavam presentes com suas esposas na cerimônia. O pai de Bush, ex-presidente George H.W. Bush, de 92 anos, ficou em Houston se recuperando de uma pneumonia. O ex-presidente Bill Clinton também participou da cerimônia acompanhado de sua esposa, Hillary, que perdeu a corrida presidencial para Trump.