BAMAKO (Reuters) - Potências africanas lançaram uma nova ofensiva militar multinacional no Sahel neste domingo, com presidente da França, Emmanuel Macron, dizendo em uma cúpula regional que a ofensiva deve entrar em ação no próximo outono, em movimento que, segundo analistas, prepara terreno para a saída das tropas francesas do conflito.
Grupos militantes islâmicos, alguns com ligação com a Al Qaeda, assumiram o controle do norte do deserto do Mali em 2012. E embora a expansão deles tenha sido detida um ano depois por uma ofensiva militar liderada pela França, os extremistas seguem atacando as forças de paz da ONU, soldados malineses e alvos civis em uma onda de violência que já se espalha para além das fronteiras do Mali.
Macron disse que a França e os países africanos devem trabalhar juntos para "erradicar terroristas, bandidos e assassinos" no Sahel.
Durante o encontro de lideranças neste domingo, líderes do bloco do Sahel G5 - Mali, Mauritânia, Burkina Faso, Níger e Chade - formalmente estabeleceram a nova força militar, que operará em coordenação com tropas francesas e a MINUSMA, a missão de paz da ONU no Mali.
Desde que assumiu a presidência em maio, Macron tem destacado o peso que Paris teria na ofensiva, inclusive através de uma resolução na ONU que oferece suporte para a ação militar.
"Todos os dias devemos combater terroristas, bandidos e assassinos cujos nomes e caras devemos esquecer, mas que devemos com firmeza e determinação erradicar juntos", disse Macron no encontro na capital do Mali, Bamako.
Ele disse que a ofensiva, que deverá consistir em cerca de 5.000 soldados, precisa entrar em operação até este outono.
Os países do bloco do Sahel G5 começaram a trabalhar sobre a idéia de uma força regional já em 2015, mas o plano ganhou impulso nos últimos meses com o apoio de Macron.
"Há urgência porque aqueles que estamos enfrentando não esperam", disse o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita. "Também é claro que a França, sozinha, não deve seguir com o ônus dessa luta contra o terrorismo."
Com a sua sede militar na cidade de Sevare, no norte do Mali, a força do Sahel G5 se concentrará em três zonas fronteiriças - uma entre a fronteira entre o Níger e o Mali, outra entre o Mali e a Mauritânia e uma terceira fronteira entre Burkina Faso, Níger e Mali.
(Por Tiemoko Diallo)