Por Michael Georgy
DUBAI (Reuters) - Um manifestante disparou e matou um policial durante manifestações no Irã, informou a polícia nesta segunda-feira, a primeira fatalidade relatada entre as forças de segurança que tentam conter os protestos que desafiam a liderança religiosa do país.
As manifestações continuaram pelo quinto dia, depois de 13 pessoas serem mortas no domingo na pior onda de protestos desde 2009, quando grandes multidões tomaram as ruas para condenar a reeleição do então presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Os protestos colocam pressão sobre os líderes religiosos que estão no poder desde a Revolução Islâmica de 1979, bem como sobre o presidente Hassan Rouhani, que fez um apelo televisivo pedindo calma no domingo, dizendo que os iranianos têm o direito de criticar, mas não devem provocar agitação.
O assassinato do policial aconteceu quando um manifestante abriu fogo com um rifle de caça na cidade central de Najafabad, disse o porta-voz da polícia, Saeing Montazer al-Mahdi, pela TV estatal. Três policiais foram feridos. Não ficou claro quando ocorreu o incidente.
A TV estatal disse que os manifestantes armados no domingo tentaram apoderar-se de bases policiais e militares, mas foram impedidos por "forte resistência das forças de segurança". A TV não deu mais detalhes e não houve confirmação independente.
Dez pessoas foram mortas em protestos no domingo, número de mortos que aumentou na segunda-feira, quando o vice-governador da província ocidental de Hamadan, Saeed Shahrokhi, disse à agência Isna que outros três manifestantes foram mortos no domingo na cidade de Tuyserkan.
"SEM TOLÊNCIA"
Centenas de pessoas foram presas, de acordo com autoridades e redes sociais. Um vídeo online mostrou a polícia na capital, Teerã, disparando canhões de água para dispersar os manifestantes, em imagens registradas no domingo.
Os protestos contra a situação econômica e alegações de corrupção começaram na segunda maior cidade do Irã, Mashhad, na quinta-feira e aumentaram em todo o país pedindo a renúncia dos religiosos no poder.
Parte das críticas foram dirigidas ao ayatollah Ali Khamenei, quebrando um tabu em torno do homem que tem sido líder supremo do Irã desde 1989.
Um vídeo postado nas mídias sociais mostrou multidões de pessoas, alguns cantando "Morte ao ditador!", andando pelas ruas. A Reuters não foi imediatamente capaz de verificar as imagens.
"O governo não mostrará tolerância com aqueles que danificam a propriedade pública, violam a ordem pública e criam problemas na sociedade", disse o presidente Rouhani em seu discurso no domingo.
Postagens anônimas nas redes sociais pediram aos iranianos que continuem a se manifestar em 50 cidades. O governo disse que restringiu temporariamente o acesso ao aplicativo de mensagens Telegram e ao Instagram, do Facebook. Houve relatos de que o acesso à Internet móvel foi bloqueado em algumas áreas.