Por Elizabeth Burden
GREAT YARMOUTH, Inglaterra (Reuters) - Debruçado sobre o balcão de sua barraca de frutos do mar na cidade litorânea inglesa de Great Yarmouth, Darran Nichols-George diz que aqueles que ainda se queixam da votação realizada no Reino Unido sobre a separação da União Europeia, conhecida como Brexit, devem parar de reclamar.
"No final das contas vivemos em uma democracia, e portanto eles tiveram a votação", disse o peixeiro de 51 anos. "Votamos pela saída, então vamos sair".
Ele foi um dos 17,4 milhões de britânicos que escolheram a desfiliação da UE em um referendo de 2016, dando a vitória à campanha do Brexit ao superarem os 16,1 milhões de compatriotas a favor da permanência no bloco.
Desde então o Brexit tem sido uma constante nas manchetes -- das conversas difíceis com a UE e dos vazamentos de previsões governamentais sobre uma piora para o Reino Unido aos peixes lançados no rio Tâmisa por pescadores revoltados com as cotas europeias.
Um ano antes da separação, marcada para março de 2019, as alegações de que a principal campanha pela saída da UE violou a lei ressuscitaram lembranças da batalha amarga do referendo.
Apesar de o tema dominar as discussões do Parlamento e as páginas dos jornais, as opiniões dos eleitores continuam polarizadas como sempre.
"Agora as pessoas pensam em si mesmas como as que vão e as que ficam, e veem os acontecimentos desta perspectiva", disse Sara Hobolt, professora de política da London School of Economics, à Reuters. Ela estima que entre 80 e 90 por cento dos britânicos não mudaram de ideia desde 2016.
Algumas figuras destacadas, como o ex-primeiro-ministro Tony Blair, exigiram um segundo referendo sobre o acordo final com a UE para que as pessoas possam opinar devidamente cientes do possível desfecho, mas pesquisas indicam que não existe um apoio majoritário para uma nova consulta.
Ainda que houvesse outro plebiscito, as pesquisas mostram que os britânicos continuam profundamente divididos e que a maioria provavelmente votaria da mesma maneira.
Na cidade abastada de Norwich, que abriga uma universidade e se encontra a meros 34 quilômetros de Great Yarmouth, o sentimento a respeito da Europa é radicalmente diferente, mas a intransigência é a mesma.
"Eu odeio, realmente odeio", disse Gaye Sorah, de 59 anos, à beira das lágrimas, ao pensar no Brexit. "Só mais um ano, é um desastre. Gostaria que pudéssemos voltar no tempo".