SÃO PAULO (Reuters) - A safra de laranja 2018/19 do parque citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais foi estimada nesta segunda-feira em 273,34 milhões de caixas de 40,8 kg, uma redução de 5,19 por cento em relação à estimativa publicada em maio, devido ao efeito da seca, informou o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) em comunicado.
"A queda da safra foi motivada por uma estiagem mais severa do que a prevista para os meses de maio a julho, que provocou menor crescimento dos frutos", afirmou o órgão de pesquisa, que realizou o levantamento em cooperação com a Markestrat, FEA-RP/USP e FCAV/Unesp.
A região citrícola de São Paulo e Minas Gerais responde por praticamente toda a fruta utilizada na produção de suco de laranja exportado pelo Brasil, o maior exportador global da commodity.
Ao todo, cerca de 36 por cento da safra 2018/19 foi colhida, disse o Fundecitrus. Nessa mesma época da safra passada, a colheita estava em 34 por cento.
"A principal diferença entre elas é que a colheita atual avançou para as variedades tardias mais rapidamente, o que indica que a safra será encerrada mais cedo".
A ser confirmada a previsão, a safra de laranja da principal região do Brasil cairia mais de 30 por cento na comparação com a temporada anterior, de quase 400 milhões de caixas, quando havia sido a quarta maior da história.
Segundo o Fundecitrus, a previsão climática no momento da primeira estimativa da safra 2018/19 indicava um ano menos chuvoso, com um acumulado previsto para esses meses, em torno de 101 milímetros, índice 24 por cento abaixo da média histórica (1981-2010).
"Porém", disse o Fundecitruis, "o volume real de chuva acumulada nesse período ficou em 36 milímetros, 73 por cento inferior à média histórica, configurando a pior seca para esses meses nos últimos dez anos analisados".
Os frutos colhidos de todas as variedades até o mês de agosto apresentaram peso médio abaixo do projetado em maio de 2018.
As chuvas desse período estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento dos frutos e, consequentemente, com o ganho de peso, segundo o comunicado. Considerando todas as variedades, o tamanho médio dos frutos foi reestimado para 270 frutos por caixa, contra os 256 frutos por caixa previstos em maio para compor uma caixa padrão de 40,8 kg.
O acompanhamento dos pomares também mostrou que a taxa de queda de frutos "está se confirmando alta nesta safra", o que permite manter a projeção de 17 por cento em média, considerando todas as variedades.
Uma das premissas que havia embasado essa projeção era a perspectiva de agravamento da severidade do greening, que foi comprovada pelo levantamento publicado pelo Fundecitrus em agosto.
O órgão informou no mês passado que o greening, principal doença que atinge a citricultura no mundo, avançou para 18,15 por cento dos laranjais de São Paulo, Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais.
Segundo o órgão, foram registrados aproximadamente 35,3 milhões de árvores com a doença, que não tem cura e pode resultar na erradicação dos pés de laranja como forma de combater a bactéria que causa o problema.
(Por Roberto Samora)