Por Marcelo Teixeira e Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores brasileiros estão acelerando o plantio de soja e milho da nova safra do país nesta semana, com as condições do tempo favoráveis e uma projeção positiva do mercado, apesar da queda acentuada dos futuros da soja em Chicago nesta terça-feira.
O plantio de soja do Paraná, segundo maior produtor do Brasil, avançou para 9 por cento do total projetado na temporada 2018/19, ante apenas 1 por cento em igual período do ano passado, com a boa umidade do solo permitindo um início rápido dos trabalhos no campo.
Os produtores no Estado do Mato Grosso, o maior produtor de oleaginosa do país, também estão iniciando os trabalhos, uma vez que o período de vazio sanitário --uma medida adotada todo ano para reduzir focos de ferrugem de soja-- terminou em 15 de setembro, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Os dois Estados estão reportando condições favoráveis, apesar de parte dos agricultores do Mato Grosso estar esperando ainda por níveis mais elevados de umidade do solo para começar a plantar, disse Daniel Latorraca, superintendente do Imea.
"Nós tivemos mais chuvas neste ano do que na última temporada neste momento", afirmou.
Ele disse que os produtores que planejam plantar algodão logo depois de colherem a soja foram os primeiros a começar o plantio da oleaginosa no Mato Grosso.
O primeiro relatório do Imea sobre o estágio da semeadura será publicado na sexta-feira.
No Paraná, onde a proibição de plantio termina mais cedo, os trabalhos avançaram oito pontos percentuais em relação à semana anterior.
O Departamento de Economia Rural (Deral) também disse que o plantio da primeira safra de milho alcançou 37 por cento da área projetada, também acima do visto em igual época no ano passado, quando os produtores haviam semeado apenas 12 por cento.
Vários Estados tiveram atrasos no plantio na temporada passada, em decorrência das chuvas insuficientes.
Esse atraso resultou em um intervalo mais arriscado para o plantio da segunda safra de milho, que geralmente segue imediatamente a colheita de soja, levando a perdas na produção total do cereal no Brasil.
Neste ano, os agricultores provavelmente estão ansiosos para plantar e colher o quanto antes, com as negociações de soja brasileiras com prêmios recordes sobre os preços de Chicago, graças à forte demanda da China, que está procurando fontes alternativas para evitar as tarifas adicionais sobre a oleaginosa dos Estados Unidos.
As chuvas devem continuar no Mato Grosso nos próximos 10 dias, chegando a cerca de 20 milímetros de precipitações, de acordo com o Thomson Reuters Agriculture Dashboard.
O Paraná irá receber ainda mais chuva no período, cerca de 115 milímetros.
A Reuters informou na semana passada que o Paraná, segundo produtor da oleaginosa do Brasil, está tendo o plantio mais precoce de soja em pelo menos cinco anos.[nL2N1W01MW]
(Por Marcelo Teixeira e Roberto Samora)