Por Elizabeth Piper e William James e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, sofreu contratempos constrangedores nesta terça-feira, início dos cinco dias de debate sobre seus planos de separação da União Europeia, que podem determinar o futuro do Brexit e o destino de seu governo.
May quer garantir a aprovação do Parlamento para seu acordo para manter laços estreitos com a UE depois da desfiliação de março, mas a oposição é intensa – apoiadores e detratores do Brexit querem, se não desencaminhar, ao menos frustrar seu plano.
Essa oposição se evidenciou no início do debate, antes da votação decisiva de 11 de dezembro, quando seu governo foi considerado em desacato ao Parlamento e depois um grupo de parlamentares de seu próprio Partido Conservador venceu uma disputa para ceder mais poder à Câmara dos Comuns se seu acordo for rejeitado.
Isso poderia reduzir o risco de o Reino Unido sair da UE sem nenhum pacto, levando a libra esterlina a recuperar parte de suas perdas depois que a moção de desacato a levou a recuar a níveis que não se via desde junho do ano passado.
Os debates e a votação final de 11 de dezembro são cruciais para se determinar como, e possivelmente até se, Londres romperá com Bruxelas tal como planejado em 29 de março, a maior reviravolta no comércio e na política externa britânicas em mais de 40 anos.
Os planos de May estão sujeitos a mais mudanças durante os dias de debate, e o fato de um conselheiro legal graduado da UE ter dito que o Reino Unido tem o direito de cancelar seu anúncio do Brexit inaugurou uma nova frente de batalha sobre os planos da premiê para obter o endosso da legislatura.
Mas May segue em frente mesmo assim.
"Precisamos apresentar um Brexit que respeite a decisão do povo britânico", disse ela aos parlamentares depois de sofrer as derrotas. "Esta discussão já durou demais. Ela é corrosiva para nossas políticas, e a vida depende de concessões".
Se os parlamentares não aprovarem o acordo, diz ela, podem abrir caminho ou para o país sair do bloco sem medidas que suavizem a transição ou para a possibilidade de o Brexit não acontecer.
Ansioso para evitar um Brexit "sem acordo", um grupo de parlamentares conservadores pró-UE venceu uma votação que garantiu ao Parlamento mais poder para ditar quaisquer próximos passos que o governo tome caso o plano de desfiliação da premiê fracasse.
Se, contrariando as apostas, ela vencer a votação, o Reino Unido deixará a UE no dia 29 de março mediante termos negociados com Bruxelas.
Se perdê-la, May pode convocar uma segunda votação, mas uma derrota aumentaria as chances de Londres se separar sem um pacto – perspectiva que poderia gerar caos na economia e nos negócios do país – e criaria grande pressão pela renúncia da premiê.
May, de 62 anos, percorreu o Reino Unido, passou horas sendo questionada no Parlamento e convidou parlamentares à sua residência em Downing Street para tentar conquistar seus muitos críticos.
Mas o pacto uniu aqueles dos dois lados do espectro: os eurocéticos dizem que ele tornará o Reino Unido um Estado vassalo, enquanto apoiadores do bloco adotam uma linha semelhante dizendo que o país terá que obedecer as regras da filiação abrindo mão dos benefícios.