SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) afirmou nesta quinta-feira que as demissões no setor podem já ter atingido entre 600 mil e 800 mil trabalhadores no país, em meio à quarentenas impostas para frear a propagação do coronavírus.
O número estimado de demitidos envolve trabalhadores informais e com carteira assinada, afirmou a ANR.
A entidade, que afirma representar 9 mil pontos comerciais no país, realizou pesquisa com donos de bares e restaurantes entre a semana passada e esta semana que apontou que cerca de 53% perderam entre 50% e 90% do faturamento ante março do ano passado. Segundo a ANR, mais de 70% dos associados responderam a pesquisa. Entre os pontos comerciais representados estão lojas de grandes redes de fast food como Subway, Habib's e Mcdonald's.
"Estamos pleiteando o pagamento de até dois salários mínimos por mês nos próximos 120 dias. E, claro, uma série de outras medidas como isenção de impostos, flexibilização de regras trabalhistas e crédito facilitado a juros baixos", afirmou o presidente da ANR, Cristiano Melles, em comunicado à imprensa.
"Muitos no governo acharam inicialmente que o delivery poderia ajudar. Mas é uma visão completamente equivocada", disse Melles. Segundo a ANR, apenas 3% dos pesquisados disseram que houve um leve aumento na receita em março, mas apenas nas operações de delivery.
Segundo a ANR, o setor de bares e restaurantes emprega cerca de 6 milhões de trabalhadores no país. A entidade ouviu os associados entre sexta-feira passada e terça-feira desta semana.
O governo federal anunciou na quarta-feira programa de preservação de empregos que permite redução de salário e jornada de até 70% por um período de três meses, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores, ou a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias. Sem o programa, a equipe econômica calculou que 12 milhões de brasileiros poderiam perder seus empregos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)