Por Warren Strobel
WASHINGTON (Reuters) - Funcionários de alto escalão da CIA discutiram de maneira severa nos anos após os atentados de 11 de setembro de 2001 sobre se as agências de inteligência dos Estados Unidos poderiam ter feito mais para conter os ataques terroristas mais mortais na história norte-americana, mostraram documentos divulgados nesta sexta-feira.
Os documentos outrora secretos incluem uma versão mais completa de um relatório de 2005 feito pelo inspetor-geral da agência de espionagem, que constatou que a CIA não tinha uma estratégia abrangente ou recursos adequados para combater a Al Qaeda, antes que aviões sequestrados atingiram o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono em 11/9.
Um resumo do relatório foi tornado público pela primeira vez em 2007. Mas os documentos divulgados pela CIA nesta sexta-feira também refletem os argumentos do ex-diretor da CIA George Tenet e seus auxiliares de que a inteligência dos EUA estava intensamente focada na Al Qaeda e em seu líder, Osama bin Laden.
O que está em jogo nas discussões são os legados de antigos altos funcionários da CIA e da própria agência.
Nenhum dos documentos foca diretamente a forma como o presidente norte-americano, George W. Bush, e a Casa Branca lidaram com a ameaça da Al Qaeda após ele assumir o cargo em janeiro de 2001.
Alguns ex-funcionários, incluindo o chefe de combate ao terrorismo de Bush, Richard Clarke, disseram que Bush não apontou inicialmente a Al Qaeda como prioridade.
Em uma carta de junho 2005 ao então inspetor-geral da CIA John Helgerson, Tenet rejeitou o esboço de relatório crítico de Helgerson.
"O seu relatório desafia o meu profissionalismo, diligência e habilidade em conduzir os homens e mulheres da inteligência dos Estados Unidos no combate ao terrorismo", disse Tenet a Helgerson. "Eu fiz tudo que podia para informar, alertar e motivar ação para evitar danos", escreveu ele.
Helgerson não estava imediatamente disponível para comentar o assunto.