Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A geradora de energia renovável Auren (BVMF:AURE3) fechou o primeiro trimestre deste ano com resultados positivos, mesmo diante de um contexto desafiador de preços baixos da energia, e avançou com a redução de seu contencioso passivo, disseram executivos da companhia à Reuters.
A elétrica controlada pelo grupo Votorantim e CPP Investments divulgou nesta quinta-feira um lucro líquido de 230 milhões de reais entre janeiro e março, revertendo o prejuízo de 5,5 milhões de reais registrado um ano antes.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado da Auren atingiu 396,2 milhões de reais, alta de 12% na comparação anual. O critério ajustado exclui efeitos de marcação a mercado dos contratos de energia e reversão de provisão para litígios.
O desempenho do trimestre foi impulsionado por uma boa performance operacional, com maior geração nas usinas hidrelétricas e eólicas e melhor resultado em comercialização de energia, além de um resultado financeiro líquido menos negativo que o de um ano antes.
O vice-presidente de Finanças e Novos Negócios da Auren, Mario Bertoncini, ressaltou que a companhia não está sofrendo com os atuais baixos preços da energia elétrica no mercado de curto prazo, uma vez que "zerou" sua exposição ao equacionar seu balanço energético até 2025.
"Considerando o triênio 2023-2025, na média, estamos com 95% (do balanço energético) equacionado... Essa queda (de preço) não afeta, porque nossa energia já estava vendida", afirmou.
Já para as vendas de energia de mais longo prazo, a geradora prefere esperar um momento mais favorável, disse Fábio Zanfelice, CEO da Auren.
"Temos que aguardar o que vai acontecer nos próximos três anos em relação ao cenário hidrológico, não existe uma necessidade urgente de vender energia a preços mais baixos, a gente consegue fazer essa gestão", disse Zanfelice, apontando que os negócios de "trading" também tendem a se reduzir quando há menor volatilidade de preços.
Do lado da gestão de passivos, a Auren recebeu a homologação na Justiça para acordo em uma ação civil que permitirá uma redução importante de seu contencioso.
"Estamos reduzindo, em base 'pro-forma', o contencioso provável provisionado em 170 milhões de reais em relação ao quarto trimestre de 2022. É uma redução expressiva... Essa era a nossa maior ação, ainda temos outras com alguma relevância, mas nenhuma delas isoladamente representa mais de 10% do contencioso", explicou Bertoncini.
Do lado financeiro, a geradora encerrou o trimestre com uma posição de caixa de 3,4 bilhões de reais e alavancagem baixa, de 1,6 vez a dívida líquida sobre Ebitda, estando preparada para capturar oportunidades de crescimento, apontou o executivo.
"Continuamos analisando, monitorando o mercado (de fusões e aquisições), participando de alguns processos. No preço e retornos adequados, estaremos prontos para o investimento, ainda não surgiu essa oportunidade".
(Por Letícia Fucuchima)