SÃO PAULO (Reuters) - O banco britânico Standard Chartered (LONDON:STAN) quer o pagamento antecipado de um empréstimo feito para a fabricante de sondas de exploração Sete Brasil, que está ficando sem dinheiro, uma vez que sua principal cliente, a Petrobras, é afetada pela Operação Lava Jato, disse uma fonte com conhecimento do assunto nesta sexta-feira.
Segundo a fonte, que não pode falar do tema publicamente, o banco pediu ao Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN) para executar garantias de empréstimo para ele poder recuperar o dinheiro emprestado à Sete Brasil. O FGCN dá proteção a bancos de um potencial calote de empresas de construção naval.
O empréstimo, com valor entre 200 milhões e 300 milhões de dólares, integra uma série de operações nas quais bancos estrangeiros ajudaram a financiar os ambiciosos planos de construção de sondas da Sete Brasil.
Em setembro de 2013, o Standard Chartered se uniu a bancos japoneses, canadenses, norte-americanos e brasileiros para emprestar 1,25 bilhão de dólares à Sete Brasil.
A Sete Brasil previu investir mais de 25 bilhões de dólares para construir até 29 plataformas de perfuração ultraprofunda que seriam alugadas à Petrobras.
A Sete Brasil, que Petrobras e bancos incluindo BTG Pactual e Santander Brasil fundaram em 2011, enfrenta forte escassez de fluxo de caixa, com a Petrobras atrasando pagamentos e os custos de financiamento crescendo. A companhia tem que pagar 11 bilhões de reais de dívida no mês que vem e credores estão relutantes em rolar a dívida da companhia.
A Sete Brasil, o Standard Chartered e o FGCN, administrado pela Caixa Econômica Federal, não comentaram de imediato.
A Folha de S.Paulo divulgou mais cedo que o Standard pediu ao fundo para executar garantias de empréstimos de uma parcela do financiamento dos bancos para que ele pudesse deixar o grupo.
A Reuters havia publicado em janeiro que o BNDES e o Banco do Brasil estavam em negociações para desembolsar mais de 4 bilhões de reais em empréstimos-ponte para a Sete Brasil. Mas o acordo pode fracassar após um ex-executivo da Petrobras e da Sete Brasil ter admitido que aceitou propinas em troca de contratos.
(Por Guillermo Parra-Bernal)