Por Shrikesh Laxmidas
LISBOA (Reuters) - O novo plano estratégico da petroleira portuguesa Galp até ao final da década é pragmático e conservador, disseram analistas, destacando o espaço que as ações ainda têm para uma valorização, apesar de vários terem reduzido o preço-alvo das ações devido a um corte nas metas e a atrasos em projetos a médio prazo no Brasil.
"O 'Capital Markets Day' da Galp tocou uma nota mais conservadora, sobre o Brasil e o preço do petróleo", disse o Deutsche Bank, que cortou o preço-alvo em 4,65 por cento para 10,75 euros por ação, mantendo a recomendação de compra.
A Galp cortou em 20 por cento o investimento previsto até 2019, dada a queda abrupta do preço do petróleo nos últimos meses, que obrigou a empresa a cortar as metas para Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e produção, e a focar nos projetos a curto prazo no Brasil.
A empresa prevê reduzir o plano de investimentos em 1,5 bilhão de euros, estimando agora uma média anual entre 1,2 bilhão e 1,4 milhão no período 2015-2019, comparado com uma média anterior de 1,5 bilhão a 1,7 bilhão entre 2014 e 2018.
A empresa vai dedicar a maior parte dos recursos na execução de projetos a curto prazo no Brasil, onde tem participações minoritárias em vários projetos no pré-sal da Bacia de Santos em parceria com a Petrobras, que é operadora. A Galp prevê atrasar alguns projetos a médio prazo.
O banco BESI disse que os cortes nas estimativas foram "inesperados" e que eles estão entre os principais motivos de uma redução do preço-alvo em 16,13 por cento para 12,40 euros, com a recomendação inalterada de compra.
RISCO PETROBRAS
O banco de investimentos Jefferies, que cortou sua estimativa de valor justo da ação para 13 euros, ante 14 euros, disse que a Galp foi "franca e pragmática" em relação aos problemas da Petrobras e à queda do preço do petróleo.
O preço do barril de Brent em Londres despencou nos últimos meses, para menos de 57 dólares nesta quarta-feira, contra 115 dólares em junho de 2014.
A Petrobras está envolta num escândalo de corrupção, que já levou ao pedido de demissão de cinco membros do Conselho de Administração, incluindo a presidente da empresa.
O Credit Suisse cortou o preço-alvo em 7,77 por cento para 10,30 euros por ação e destacou os riscos de execução de projetos da Galp no Brasil.
"Conservador ou simplesmente mais realista? O portfólio de ativos pode ser bom como o da Galp, na parte baixa da curva de custos, mas no fim é tudo sobre a execução", disse.
Adiantou que a empresa corre riscos ao concentrar tanto a sua produção no Brasil, especialmente tendo em conta os eventuais atrasos devido aos problemas da Petrobras.