O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) encerrou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido ajustado de R$ 9,039 bilhões, um aumento de 52,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, o sétimo recorde trimestral seguido - mesmo em um trimestre influenciado por provisões extraordinárias para a Americanas. Sem provisão para Americanas, o lucro seria de R$ 9,4 bilhões.
Em três meses, houve alta de 8,1% no resultado. Já no acumulado do ano passado, a cifra foi de R$ 31,815 bilhões, salto de 51,3% ante 2021, também recorde para o banco.
De acordo com o BB, levaram ao resultado a alta de margem financeira bruta (+9,7%) e de outras receitas operacionais (+64,6%), a elevação das despesas com PCLD ampliada (+44,7%) e o crescimento das despesas administrativas (+6,1%) e das outras despesas operacionais (+13,3%).
Sem considerar os ajustes, o BB teve lucro líquido de R$ 8,627 bilhões no quarto trimestre e de R$ 31,011 bilhões em 2022, respectivamente, alta de 61,2% e de 57,3% na comparação anual.
Com exposição de cerca de R$ 1,4 bilhão na Americanas, o BB provisionou R$ 788 milhões desse total no quarto trimestre (o que corresponde a 50%), segundo o balanço, que não menciona explicitamente o nome da varejista, por questões de sigilo bancário.
"Os desdobramentos do caso estão sob monitoramento constante e o volume de provisão acompanhará a evolução das negociações, sendo que eventual necessidade de agravamento adicional do risco e seu impacto em provisão já estão devidamente contemplados nas projeções corporativas de 2023", disse o BB, no balanço.
Mais cedo, o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) anunciou provisão extra de R$ 1,2 bilhão para eventual calote da Americanas. Os outros bancos que já divulgaram resultados provisionaram um total de R$ 9,2 bilhões, com Bradesco (BVMF:BBDC4) e Itaú (BVMF:ITUB4) reservando 100% do que emprestaram para a empresa.
Com isso, as provisões do BB contra a inadimplência tiveram alta de 44,7% em relação ao mesmo trimestre de 2021, e de 72,4% em três meses, para R$ 6,534 bilhões.
Ao final do trimestre, a inadimplência da carteira do BB era de 2,51%, considerando os atrasos acima de 90 dias, contra 2,34% no terceiro trimestre e 1,75% no mesmo período de 2021.
Ao final de dezembro, a carteira de crédito do banco público era de R$ 1,004 trilhão, saldo 14,8% maior que no mesmo mês de 2021 e também acima do registrado em setembro (R$ 969,2 bilhões).
O banco colheu R$ 21,451 bilhões em margem financeira, que mede o resultado com operações que rendem juros. É uma alta de 44,9% em um ano. A margem com clientes foi de R$ 30,889 bilhões, 40,4% maior que no mesmo intervalo de 2021, e 7% maior em três meses.
O resultado da tesouraria, por sua vez, foi de R$ 10,937 bilhões, alta de 140,5% em um ano, e alta de 7,7% em um trimestre. De acordo com o banco,o resultado foi justificado principalmente pelo crescimento do resultado da carteira de títulos de renda fixa. O spread global ajustado pelo risco do BB foi de 4,7% no trimestre, avanço de 1,2 ponto porcentual em um ano, e de 0,5 ponto em três meses.
As receitas com serviços somaram R$ 8,437 bilhões nos três últimos meses do ano passado, alta de 7,9% no comparativo anual, e baixa de 1,0% no trimestral. O patrimônio líquido do banco ficou em R$ 163,588 bilhões, alta de 12,9% em um ano. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) ajustado, chamado pelo BB de RPSL, foi a 22,7%, contra 16,3% no fim de dezembro de 2021 e 21,5% no fim de setembro de 2021.